Rusty The Blade: Analisando Pranchas
Chegou a vez da Rusty The Blade em nossa série Analisando Pranchas. Este modelo é baseado em uma prancha clássica que fez história nos anos oitenta, mais especificamente em 1984. Descubra a seguir os detalhes e relação entre elas.
A Rusty The Blade é de fato uma prancha que carrega muita curiosidades com ela. Podemos começar falando que ela tem duas versões padrão, uma com canaletas e outra sem. Sim, o surfista pode optar por ter sua The Blade com 4 canaletas no fundo ou sem elas. Existem inclusive duas tabelas de medidas para este modelo, as quais você pode conferir no final deste artigo.
História
A The Blade se baseia em uma história que remonta ao ano de 1984, nas perfeitas direitas de Jeffrey’s Bay, na África Do Sul. Naquela temporada, o jovem surfista australiano Mark Occhilupo surpreendeu a todos com uma performance memorável, sem precedentes para um surfista goofy (que surfa com o pé direito na frente) naquelas ondas. Naquele ano era outro australiano que estava dominando o tour mundial, Tom Carroll. Entretanto, Occy tomou de assalto o campeonato nas pistas de J-Bay e levou de forma incontestável.
Mas o que chamou a atenção de todos não foi apenas a performance do australiano de Cronulla. Sua prancha, que na época se chamava 84, foi algo que saltou aos olhos dos outros competidores, da mídia e do público que acompanhava o campeonato. Ela parecia estar colada sob os pés do surfista, performando de forma veloz, fluida e muito segura. Certamente aquela era uma prancha diferente e foi em parte muito responsável pelo sucesso do Occy no evento.
Reza a lenda que, mesmo após Tom Carroll ter vencido o campeonato seguinte em Durban, quando chegou na Califórnia, ao sair da África Do Sul, ele foi direto conversar com o shaper Rusty Preisendorfer na intenção de ter uma prancha como aquela para ele também. Em suma, a Blade atual tem sua origem na famosa versão original lançada em 1984.
Outline E Bordas
Sua principal característica é o “flat deck”, ou seja, a parte de cima da prancha é reta, não tem “dome deck”. Isso proporciona que ela seja mais fina no centro, na longarina, deixando-a mais flexível e com mais estabilidade e sensibilidade sob o pé da frente. Isso é física pura, o “dome deck” deixa a prancha com menos flexibilidade.
Aliás, quanto mais fina a prancha for, mais a linha do deck acompanhará a linha do fundo. Isso cria uma fluidez mais natural e arcos mais definidos nas curvas. A Rusty Blade também ganha caimento em torno de 2 polegadas das bordas, tornando-as mais afiadas e baixas, que chamamos de “faca”. Isso gera um melhor drive e curvas mais potentes e controladas. Apesar disso, podemos dizer que as bordas da Blade, de forma geral, são mais cheias e altas que outros modelos de pranchas de alta performance. Além disso, esta prancha conta com um edge bem acentuado na parte traseira, o que oferece muita tração e drive nas curvas.
Por fim, esse modelo conta com volume médio, bem distribuído por toda a extensão da prancha. Entretanto, ela carrega uma boa quantidade de espuma na região do peito, o que oferece ótima remada e flutuação.
Concave
Como dissemos anteriormente, há duas opções de fundo, sendo uma delas com quatro canaletas dentro de um fundo “single to double concave” com o final flat. A outra opção, sem as canaletas, conta com um single concave no fundo todo, desde perto do bico até o final da prancha.
A opção com canaletas favorece a performance em ondas rápidas e paredes lisas. As canaletas fazem um trabalho importante de direcionar o fluxo d’água no fundo da prancha. Elas funcionam como pequenos edges que geram velocidade. Ideais para mares lisos e ondas longas e tubulares.
Já a opção sem canaletas tem em média um litro a mais de volume, portanto é possível baixar o tamanho da prancha em uma polegada caso opte por usá-la sem canaletas. Como ela tem o fundo single concave desde a base do pé da frente até a rabeta, isso a faz gerar muita velocidade e sustentação, reagindo de forma similar às canaletas, mas sendo mais tolerante em condições mexidas e com vento.
Rocker
A curva de rocker de entrada da Rusty Blade é baixa/média, todavia é mais curvada e mais moderna que sua versão de 1984. Isso a faz se encaixar melhor nas partes mais críticas das ondas. Na região central ela é flat, favorecendo a manutenção da velocidade e da fluidez em partes mais mortas e fracas das ondas. Por fim, a curva de rocker de rabeta da Blade é baixa/média, boa para ondas pequenas e médias com pouca força, tendo ótima velocidade e projeção lateral.
Quilhas
Por ser uma prancha que oferece velocidade por si só, recomendamos modelos de quilhas que forneçam bom controle para a The Blade. Além disso, por ser uma prancha versátil, é interessante ter dois jogos de quilha distintos para tipos de ondas diferentes. Recomendamos o modelo AM2 tanto da FCS2 quanto da Futures para quando as ondas estiverem boas, entre 3 e 5 pés. Este modelo de quilhas oferece ótimo drive e controle nas curvas de base e topo, mas por ter a quilha central menor, também dá uma sensação de soltura, sem prender nas manobras de lip por exemplo.
Em ondas menores, entre 2 e 3 pés, com menor área, indicamos quilhas mais retas, que geram mais pivô e fecham o arco das manobras e cavadas. Nesse caso recomendamos os modelos Reactor da FCS2 e HS1 da Futures. Tendo esses dois modelos de quilhas você estará bem atendido para a maioria das condições de mar com sua Rusty The Blade.
Sensações
A Rusty Blade é ideal para ondas pequenas e médias, entre 2 e 5 pés. Sendo assim, ela pode ser um modelo ideal para o dia a dia nas ondas brasileiras. Recomendamos esta prancha para surfistas intermediários até profissionais, principalmente para aqueles que buscam uma prancha segura e versátil e condições diversas, podendo ser inclusive seu quiver de uma prancha só.
Ela performa bem tanto em ondas mais cheias e irregulares quando em ondas com faces mais abertas e perfeitas. Se você pretende usá-la em picos onde as condições tendem a ser mais mexidas no dia a dia, prefira a versão sem canaletas. Mas se sua realidade é mais em ondas lisas e com paredes mais limpas, dê uma chance às canaletas e descubra um nosso feeling de surf.
Tabela De Volume
Gostou? Então encaminhe para seus amigos que estão loucos por uma Rusty, certamente eles também irão curtir. Boas ondas!