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Surfe Melhor: De Frente Para A Longarina

Surfe Melhor: De Frente Para A Longarina

Continuando nossa série Surfe Melhor, hoje vamos falar sobre a importância de surfar com o tronco de frente para a longarina. Talvez você esteja se perguntando: como assim, surfar de frente para a longarina? Calma, vamos explicar exatamente o que é isso e como dominar esta técnica e elevar seu surf a um novo patamar.

Assim como em outros artigos desta série, nosso conteúdo aqui é baseado nos ensinamentos do livro The Complete Guide To Surfing Your Best, do jornalista australiano Nick Carroll. Da mesma forma que nos textos anteriores, pode ser que você tenha um pouco de dificuldades em enxergar exatamente o que queremos mostrar aqui. Portanto, preste muita atenção nas imagens que ilustram este artigo, assim será mais simples de compreender o posicionamento que queremos te ensinar.

Não tenha medo de simular os ajustes corporais e movimentos passados aqui em sua casa. Ao final da leitura, acesse os outros três artigos através dos links espalhados pelo texto e coloque todos os ensinamentos em prática de uma única vez. Pratique e repita muito em casa e depois leve tudo que absorveu para dentro d’água. Queremos te ver surfando melhor a cada dia, então se você seguir este passo a passo com determinação e disciplina, será apenas uma questão de tempo para isso acontecer.

De Duke A Rob Bain A Christian Fletcher

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Raros são os registros do Pai Do Surf Moderno, o havaiano Duke Kahanamoku. Exímio nadador, atleta olímpico e até ator, Duke é considerado até hoje o principal precursor do surf moderno. É até difícil de imaginar o que seria do surf no dias de hoje se não fosse por sua contribuição há mais de cem anos. Por razões óbvias, suas sessões de surf raramente eram registradas naquela época, mas uma coisa é certa, existem fotos que ficaram marcadas para sempre.

A foto acima é sem dúvida uma das mais marcantes da história do surf. Dizemos isso não só porque seu protagonista é o lendário havaiano, mas também porque sua forma de correr ondas com os pé paralelos, um de cada lado da longarina, é algo muito peculiar e até mesmo curioso.

Nos anos 80, o surfista australiano Rob Bain costumava entreter o público ao final de suas baterias. Ele pegava uma onda e ficava em pé, com seus pés paralelos, seus braços esticados e virados diretamente para a frente. Rob chamava isso de “Duke Stance”, ou “a pose do Duke”, imitando o surfista havaiano. Onde quer que Bain fizesse isso, sempre era uma diversão para o público na praia.

Embora Rob fizesse isso por pura diversão, ele estava praticando, mesmo que sem querer, um ponto técnico que se tornou cada vez mais importante entre os melhores surfistas nas últimas décadas, o tubo de backside. Antes de entrarmos em maiores detalhes sobre isso, devemos também mencionar o surfista californiano Christian Fletcher (foto de capa). Christian sempre foi uma cara irreverente em suas performances, à frente do seu tempo, e ele mostrou isso mais uma vez pegando tubos com os pés praticamente paralelos na pesada onda de Padang-Padang em Bali, na Indonésia. 

Saindo Da Postura Travada

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Quando falamos “de frente para a longarina”, ou a linha central da prancha, estamos falando a respeito do seu tronco. Sim, seu peito deve estar o mais apontado possível para o bico da prancha, onde as duas metades dela se encontram na ponta da longarina. Mas não pense que fazer é simplesmente forçar seu dorso a virar nesta direção. Na verdade a execução e manutenção desta posição requer ajustes de suma importância na parte de baixo do seu corpo.

Depois que conseguir fazer isso e dominar a posição confortavelmente, perceberá que é possível obter um controle fino das bordas e quilhas laterais da sua prancha. Assim, economizará energia nas curvas tanto de base quanto de topo, mas principalmente seu maior benefício será no surf de backside. Com seu tronco apontando para frente você terá uma visão muito mais clara da onda que quebra atrás de você e sem dúvida evoluirá no seu objetivo de alcançar um surfe melhor.

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Michel Bourez de peito aberto e apontado para a saída do tubo.

Observe com atenção o estilo dos melhores surfistas de backside nos vídeos dos campeonatos em Teahupoo por exemplo. Os caras que melhor performam naquelas ondas são aqueles que dominam a postura de peito mais aberto, quadris joelhos e pés apontados mais para a frente. Isso lhes permite “encarar a longarina da prancha” e fazer pequenos ajustes enquanto passam por dentro do tubo.

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Perceba como Occy está com seus ombros, joelhos, peito e braços apontando para frente.

Da mesma forma, a cavada do australiano campeão mundial de 1999 Mark Occhiluppo é até hoje tida como uma das melhores da história. Isso sem dúvida se deve ao fato de que ele entendeu e dominou o posicionamento de encarar a onda de frente, com uma postura aberta e longitudinal. Em vez de desperdiçar energia e ter que se torcer todo para mirar a onda, toda pressão que ele exerce é usada a seu favor.

Praticando

Primeiro de tudo, foque em colocar seu pé de trás angulado para frente – veja os artigos anteriores, eles podem ajudar muito. O mesmo pode ocorrer com um ligeiro ângulo a mais no pé da frente, dedos virados um pouco para a frente na longarina. Já falamos disso com detalhes no texto que aborda o balançeamento dos pés. Adotando essa posição você poderá sentir relaxar a parte superior do corpo e trabalhar melhor a rotação dos quadris, joelhos e tornozelos. Isso certamente já fará com que você surfe melhor. 

Mas, acima de tudo, recomendamos um pouco de terapia de choque: coloque em prática a “pose do Duke”. Estamos falando sério. Fazendo isso você estará forçando seu corpo e sua mente a ampliarem sua zona de conforto. Certamente ao fazer a “Duke Stance” você perceberá cada vez mais sobre onde seu peso está focado na sua prancha e como isso influencia nas respostas dela na água. Espere também por boas risadas dos seus amigos.

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Faça isso de backside, assim poderá obter o máximo benefício deste experimento. Pegue uma onda fácil e previsível e drope normalmente. Encaixe na parede e quando estiver bem estável mova os pés para que eles fiquem voltados para a frente, cada um de um lado da longarina, no meio da prancha. Flexione os quadris e os joelhos e utilize seus braços como contrapeso para manter-se em equilíbrio por mais tempo.

Enquanto estiver em pé perceba o que está acontecendo. Note como o comportamento da prancha mudou e como qualquer leve forçada de peso em um dos lados a faz virar com muito mais sensibilidade. Perceba também como você tem uma visão muito mais clara da onda e principalmente a sensibilidade e a importância da borda de dentro em contato com a onda. Faça isso algumas vezes por dia até que fique fácil. Em seguida volte a surfar normalmente para ver se consegue reproduzir parte dessa percepção da borda de dentro da prancha. Muitas vezes um pequeno ajuste no pé traseiro e nos quadris farão uma diferença significativa para que você surfe melhor.

Use Monoquilhas

Quer melhorar seu estilo? Surfe com uma monoquilha. Não, esse não é um movimento inspirado na moda retrô, mas sim uma ótima maneira de voltar ao básico. Uma prancha triquilha é como se fosse um carro turbinado, ela muda de direção facilmente, tem muito drive e responde aos mínimos comandos de forma sensível. Ao contrário, as monoquilhas têm falta de drive e nos obrigam a surfar com um olhar mais atento ao poder real da onda. Surfar com uma monoquilha é como dar uma passo para trás para depois dar dois para frente. Ela te fornecerá uma espécie de curso de atualização no tempo. Ajustes precisos no seu posicionamento, no uso das bordas e no gerenciamento do peso sobre a prancha serão necessários. Quando voltar para sua pranchinha de alta performance do dia a dia você irá se surpreender, acredite.

Assista abaixo ao vídeo do surfista, educador físico e treinador de surf Rodrigo Hernán Cruz Román, o Blom, que é adepto desta prática nas perfeitas ondas de Matinhos/PR:

Perceba-se e Surfe Melhor

Aqui estão algumas perguntas para que você perceba se precisa desenvolver esta técnica:

  • Senta-se desconfortável nas cavadas de backside?
  • Tem dificuldades de surfar na parte alta da onda e mandar floaters de backside?
  • Não consegue ler direito as ondas e enxergar as seções que se aproximam de backside?
  • Tem dores constantes no pescoço, costas ou joelhos, principalmente depois de uma sessão de surf de backside?
  • Senta-se como se estivesse se “torcendo” nas curvas de backside, fazendo mais esforço do que o necessário para mover a prancha?

Estes são apenas alguns indicativos de que você pode e deve melhorar seu posicionamento sobre a prancha. O ponto central no aprendizado deste novo posicionamento irá trazer benefícios tanto na qualidade das suas curvas como também na diminuição de dores e riscos de lesões.

Coloque tudo o que você tem aprendido aqui em prática e nos conte com tem se saído. Indique as leituras da nossa série Surfe Melhor para seus amigos que também estão buscando a evolução e, acima de tudo, divirtam-se.

 

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