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Bate-papo Com Miguel Pupo

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Bate-papo Com Miguel Pupo 

O Prancha Nova traz hoje, com exclusividade, um breve bate-papo com o top do CT, Miguel Pupo.

De volta à elite do surf mundial, o surfista residente em São Sebastião/SP e parceiro do PRANCHA NOVA conversou conosco na semana passada e respondeu algumas perguntas sobre seu novo momento de vida, tanto profissional quanto pessoal. Como não poderia faltar, também falamos sobre pranchas e sua relação com os shapers e seus equipamentos e da preparação dele para a temporada que se inicia.

Prancha Nova: E aí Miguel, tudo certo? Onde você está agora?

Miguel Pupo: Tudo tranquilo, e por aí? Estou em casa, em Maresias.

PN: Como está sendo sua preparação para a temporada deste ano?

MP: A preparação está sendo a mesma. Voltei de férias no dia 7 de Janeiro e já comecei com os treinos de readaptação, com o planejamento de estar 100% fisicamente para o evento de Noronha. Estou numa fase do treino onde comecei a apertar mais a dieta, para perder mais alguns quilos e atingir meu peso e forma física de competição. 

Essa última semana antes do evento é a mais difícil, é quando puxamos os limites e é assim que tem que ser. Depois de Noronha volto para casa e começo os treinos focamos para as primeiras etapas do CT na Austrália, Snapper Rocks, Bell’s Beach e Margaret River.

PN: O que mudou na sua vida profissional depois do nascimento das suas filhas?

bate-papo com miguel pupo
Instagram @miguelpuposurf

MP: Mudou muita coisa. Antes eu podia viajar mais tranquilo, agora obviamente tenho saudades de estar com elas. Mas também sei que quando estou competindo fora tenho que estar 100% focado lá, e quando estou aqui também estou 100% com elas.

Mudou um pouco a rotina de treinos, geralmente passo a manhã com as meninas e na parte da tarde treino e surfo. Ainda assim às vezes elas têm que se adaptar à minha rotina também, por exemplo quando tem altas ondas de manhã elas vão para a praia comigo. Acho legal, foi assim que fui criado e tive uma infância ótima desse jeito, então acredito que elas serão felizes assim também. Definitivamente a chegada delas é uma responsabilidade a mais, mas também um motivo a mais para estar lutando pela minha família, uma motivação enorme dentro da água nas competições.

PN: Como foi pegar ondas gigantes em maresias em pleno verão? Qual equipamento estava usando por lá?

MP: Foi irado pegar altas ondas no meio do verão. Na verdade ainda tem onda, com certeza é um dos melhores verões dos últimos tempos. Tem dado onda desde antes do natal até agora. Aquele swell foi um dos mais perfeitos que já vi aqui. Tava limpo, espaçado, ondas abrindo, a maioria esquerdas pois a ondulação era de sudeste e o vento estava perfeito. 

As condições eram pesadas claro, ideais para step off e tow-in. Desse tamanho Maresias fica impossível de entrar na remada, era uma situação perfeita para surfar com a ajuda de jetski. 

Eu surfei de 6’0” quadriquilha, uma prancha que sempre uso nessas condições. Ela anda bem mais dentro dos tubos do que uma triquilha, eu particularmente gosto bastante. Até mesmo na remada prefiro surfar de quadri nessas ondas, me divirto muito. Ainda vai dar mais ondas nessa semana, tá bem legal!

PN: Sua vitória no QS 10 mil de Pantin foi decisiva para confirmar sua vaga na elite em 2020. Para você qual foi o momento mais marcante da sua carreira até hoje?

MP: Acho que para qualquer um que consiga vencer um evento 10 mil é algo decisivo no ano. Fico feliz em ter atingido meu objetivo novamente, foi a quinta vez que venci um evento deste porte. Na minha opinião esses eventos são até mais competitivos que um CT, por terem um número maior de atletas. São 112 competidores entre jovens, mais experientes e atletas top do CT, por isso é muito difícil de vencer.

Entretanto, ainda acredito que minha vitória em 2015 aqui em Maresias foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Tanto pela dificuldade que tive naquele ano quanto por ter sido na praia onde moro, onde cresci surfando com meus amigos, onde levo minhas filhas. Também pelo fato de ter meus pais e toda minha família presentes naquele dia, com certeza foi maravilhoso, para mim continua sendo uma dos melhores momentos da minha vida aquela vitória de Maresias. 

PN: Pretende competir também as etapas mais valiosas do QS ou vai focar apenas no CT em 2020?

MP: O ano é longo né, então é difícil dizer que eu vou correr só o CT e não o QS. As etapas da Austrália já conseguem mostrar muita coisa de como vai ser o ano. Meu foco por enquanto está nos primeiros quatro eventos. O restante do ano eu vou jogando conforme os resultados forem me mostrando. 

A princípio só vou competir Noronha, porque é um lugar que eu gosto bastante, onde já venci antes e gostaria muito de vestir a lycra de competição por lá novamente. Além disso, vai servir pra aquecer as turbinas, pelo menos um evento antes de Snapper, para poder ver como os treinos irão refletir no evento. 

PN: Como é viajar com o Samuel, você se sente um pouco responsável por ele nos eventos por ser o irmão mais velho? Faltou pouco para ele entrar no CT este ano, como vê o potencial da carreira dele? 

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Instagram @miguelpuposurf

MP: É bom né, poder viajar com meu irmão, competir junto, nos ajudarmos, ter alguém de parceiro nas viagens. Temos uma diferença grande de idade, são nove anos. Ele é o caçula da família, tenho que passar sempre um bom exemplo pra ele, como atleta, como pessoa.

Sem dúvidas é uma grande responsabilidade para mim, tenho mudado minhas atitudes por ser esse espelho né, não só para ele mas para minhas filhas também. É muito legal, o potencial do Samuel é tremendo. Na verdade acho que nem existe mais uma expectativa, ele já é uma realidade. Vencer um evento QS 10 mil, no nível competitivo de hoje já mostra o atleta que ele é e o surf poderoso que ele tem. Eu me emocionei bastante quando ele venceu Ericeira, uma onda de linha que favorece aos mais experientes. Com 19 anos mostrou todo o potencial, surfou com frieza e maturidade, não consigo pensar nele como um futuro CT, ele é uma realidade e é questão de tempo pra entrar na elite.

O Samuca conseguiu provar que ele pode vencer eventos grandes, uma pena que faltou pouco, lamentamos bastante. Por outro lado, eu achei que ele salvou o ano dele todo na perna europeia, chegou em Pantin em 112º no ranking e saiu em 9º… são 103 posições em três eventos. Pouca gente consegue isso, então fiquei feliz de como ele conseguiu retomar a pegada em um ano que estava praticamente perdido. Assim sendo, acredito que a classificação para o CT seria um bônus e agora ele vem com a confiança alta pra 2020.

PN: Quais são suas ondas favoritas no circuito mundial? e fora do circuito? Como você vê a volta de G-Land para o tour?

MP: As ondas que eu mais gosto no circuito são Snapper, é um evento em que normalmente eu vou bem. Não só por isso, mas também porque é uma onda muito boa, é verão, mesmo clima do Brasil, surfar de bermuda, é o primeiro evento do ano e todo mundo está amarradão, cheio de expectativas querendo saber se a pré-temporada valeu a pena. Jeffrey’s Bay é um lugar que gosto muito também, apesar de eu nunca ter ido bem, ela é uma onda desafiadora, difícil de ser surfada de backside. Apesar de eu não gostar muito do frio, o lugar em si é bem aconchegante, compensa. 

Ah, e com certeza G-land é a grande expectativa do ano, não só minha mas acredito que da maioria dos atletas. É uma onda diferente, muito boa, que já esteve no circuito há muitos anos atrás. O fato de eu nunca ter ido pra lá também gera aquele friozinho na barriga de querer saber como é. 

PN: Sua performance no Surf Ranch em 2018 foi excelente. Você tem algum equipamento específico que gosta de usar na piscina, ou são as mesmas pranchas que usa no mar?

MP: Aquela foi a unica vez que competi na piscina. Feliz de ter feito a final no primeiro evento da WSL em uma piscina de ondas. Eu treinei bastante no rancho naquele ano, surfei lá várias vezes.

Não uso o mesmo equipamento que no mar por diversos fatores. Fizemos alguns ajustes nas pranchas para poder surfar lá. Ela é uma onda que tem um shape e uma velocidade diferentes. A questão da densidade da água doce também afeta. Uso PU mesmo, não epóxi. Meu pai e eu fizemos alguns ajustes na curvatura das pranchas, coisas que eram necessárias e acabaram funcionando.

A prancha estava mágica, andando muito naquele evento. Ela foi feita tão especificamente pra piscina que achei que ela era mágica em qualquer condição, mas no mar ela não andou de jeito nenhum. Guardamos essas informações e este ano provavelmente vamos aplicar novamente para ver se sai mais uma pranchinha mágica.

PN: Com quais shapers, além do seu pai, você está trabalhando? O que mudou no seu equipamento nos últimos dois anos? Como você e seu pai se comunicam para fazer suas pranchas? 

MP: Esse ano vou trabalhar com o Márcio Zouvi da Sharp Eye praticamente o ano todo. Ainda quero usar algumas pranchas havaianas nas etapas de Teahupoo e G-land, que são ondas diferenciadas e acho isso importante.

O trabalho com meu pai tem sido sempre legal, desde quando entrei no CT a primeira vez foi com as pranchas dele. Sempre foi muito importante toda essa história que a gente teve juntos. Esse ano ele continua me apoiando, não colocando tanto a mão nas pranchas, porém ele está sempre de olho. Sou um pouco chato com as pranchas, um cara exigente em algumas coisas, mas a nossa troca sempre foi legal.

Nessa temporada creio que vai ser um tripé, eu, ele e o Márcio, além da galera que trabalha com o Márcio na Sharp Eye, tanto no Brasil quanto lá fora e está sendo bem legal.

PN: Fale um pouco mais das suas pranchas, como você gosta delas? Tem alguma característica na prancha que você não abre mão?

MP: Coisas que não abro mão nas pranchas são a qualidade da laminação, se tem sobra de resina, se a prancha ta pesada. Sou muito atento à flexibilidade, acredito que a prancha tem que ter vida própria. Quando ela tem a flexibilidade perfeita, com laminação leve mas não fraca, que não muito dura, ela atinge o equilíbrio perfeito. 

As pranchas que sei que são mágicas elas tem uma velocidade própria, funcionam de um jeito diferente, então sou bem chato quanto a isso. De fato duas coisas que não abro mão são a qualidade de laminação e o posicionamento das quilhas.

Bate-papo Miguel pupo entrevista

PN: Miguel, pra finalizar, compartilhe com a gente um pouco da tua experiência. Quais as pranchas que mais está usando no momento, como são as medidas delas?

As pranchas que mais tenho usado são da Sharp Eye, modelos #77 e HT2, além da Disco Inferno também que é bem legal. Em sua maioria são 5’9” com 24.8 até 25.1 litros de volume. 

O modelo que eu mais gosto é a #77, com a qual fiz meus melhores resultados em 2019, inclusive com ela venci em Pantin. Certamente tem sido meu modelo favorito. 

PN: Valeu, Miguel. Obrigado pela disponibilidade e sucesso nesse ano, cara. Tudo de bom!

MP: Obrigado, galera. Grande abraço e boas vendas!

 

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