Surf Em Lakey Peak, Indonésia: Análise Do Pico

Surf Em Lakey Peak, Indonésia: Análise Do Pico

Finalmente nossa série Análise do Pico chegou à Indonésia, mais precisamente à praia de Lakey Peak, na Ilha de Sumbawa. Conheça os segredos dessa joia no Oceano Índico, que tem ondas para todos os gostos.

Localizada na região de Nusa Tenggara Ocidental, a Ilha de Sumbawa é repleta de ondas clássicas. Desde as esquerdas tubulares de Scar Reef e Supersucks, na região oeste, até alguns secrets no lado oposto, esta ilha é um destino muito procurado por surfistas que visitam a Indonésia todos os anos. Mais para o centro-leste desta enorme ilha está localizada a praia de Lakey Peak (Hu’u), próxima da cidade de Dompu. Local muito democrático que agrada aos surfistas de todos os níveis.

Sua descoberta data do ano de 1981, e foi feita por surfistas australianos que já frequentavam a vizinha ilha de Bali há alguns anos. Desde então, esta região vem se desenvolvendo em torno do surf, mas ainda continua bastante agreste e simples se comparada a outros destinos de surf no arquipélago.

Como Chegar

Nos dias de hoje, diferentemente do que era até o início dos anos 2000, o acesso é até Lakey Peak é fácil e rápido. Certamente isso tornou o local um dos destinos mais frequentados da Indonésia. Sem dúvida é uma ótima opção para quem deseja surfar diferentes tipos de ondas em uma mesma praia. São esquerdas e direitas de todo tipo. Há ondas curtas e tubulares e há outras longas e manobráveis. São pelo menos quatro ondas que podem ser acessadas a pé do local onde estiver hospedado. Algumas outras são alcançadas por estrada ou de barco, e ficam entre 10 e 45 minutos de distância do centrinho.

Para se chegar à Ilha de Sumbawa é muito simples, existem quatro voos por dia saindo de Bali. Dois deles são diretos, pouco mais de uma hora de você já estará no aeroporto de Bima. Caso não tenha nenhum transporte agendado com sua hospedaria, não se preocupe, pois há dezenas de motoristas prontos para oferecer-lhe seus serviços logo na saída do aeroporto.

São pouco mais de noventa quilômetros por uma estrada lenta e sinuosa até a pequena comunidade conhecida como Hu’u, onde fica Lakey Beach. O caminho é muito interessante, onde é possível ter contato intenso com a cultura local. A estrada corta algumas pequenas comunidades e vilas, onde o comércio e a agricultura se misturam, proporcionando cenas bucólicas e uma inesquecível experiência para quem ali está pela primeira vez. Se puder, peça ao seu motorista para fazer uma parada estratégica na cidade de Dompu. Ali é possível comprar chip de celular, bebidas, repelente e outras coisas de seu interesse antes de chegar em Lakey. Apesar dos quase cem quilômetros, a viagem dura em torno de duas horas devido à lentidão do trecho.

Cultura Muçulmana

É importante ressaltar que a Indonésia é a nação muçulmana mais populosa do mundo. Dessa forma, para aqueles que nunca estiveram em outras ilhas do país além de Bali, que pratica a religião Hindu, esteja preparado. Inegavelmente será uma uma experiência inesquecível. Estar pela primeira vez em um local com costumes completamente distintos, desde os hábitos alimentares e vestimentas até os chamados para orações nas mesquitas, isso requer muito respeito e atenção. Entretanto, uma coisa que não muda é a bondade e a receptividade das pessoas, que tratam os turistas muito bem e tornam a estadia em Sumbawa ainda mais incrível e acolhedora.

Para Todos Os Gostos

Frequentemente surfistas profissionais como Filipe Toledo podem ser vistos destruindo as ondas da região. Da mesma forma, surfistas amadores de nível intermediário também podem ser vistos aos montes se divertindo em algumas das mais de 6 ondas diferentes da área. Entraremos em maiores detalhes sobre esses picos a seguir, onde traremos o conhecimento local do brasileiro Nivaldo de Souza, sócio da hospedaria Lakey Dream Surf House, que nos explicou as melhores condições de cada uma das ondas.

Lakey Pipe

Localizada mais ao sul da praia, esta onda quebra sobre uma rasa bancada de coral. Dependendo da maré, pode ser sonho ou pesadelo. A ondulação vem de alto mar e encontra o fundo bruscamente, dobrando rápido e formando tubos largos e intensos. Funciona melhor na maré média e alta e termina em um canal profundo. A ondulação ideal para quebrar clássica é de sudoeste com 5 a 8 pés e período longo. O vento terral é o sudeste, que faz os tubos abrirem ainda mais. Esta é certamente uma onda para surfistas experientes e avançados, jamais tente surfá-la na maré seca.

Por ser uma onda que pede boa remada e que seja segura na cavada e nos tubos, recomendamos dois modelos que irão se encaixar perfeitamente nos drops íngremes e tubos largos de Lakey Pipe, são elas a Chilli Faded e a DHD Sweet Spot 3.0. Ambas tem remada acima da média e são muito seguras nos momentos críticos.

Lakey Peak

A principal onda da região. A perfeita Lakey Peak oferece esquerdas e direitas de 30m a 100m. A direita muitas vezes é um tubo seco do começo ao fim, terminando em uma bancada rasa antes do canal. Quando a maré está seca, a direita fica praticamente insurfável. É nessa hora que a esquerda fica extremamente tubular, jogando placas e proporcionando tubos largos.

Entrar e sair do pico é fácil mas pode ser cansativo, pois exige uma remada de mais de 500m desde a praia. Se preferir, contrate um local para levá-lo de barquinho até o pico, custa em torno de 3 dólares. Este pico não suporta ondas maiores que 8 pés e seu tamanho ideal é entre 4 a 6. Sem dúvida, essa onda é uma das mais fotogênicas do mundo. São direitas e esquerdas perfeitamente alinhadas, a onda vem em forma de triângulo e abre para os dois lados, sendo a esquerda melhor e mais longa.

As condições ideais para que quebre clássico são swell de 4 a 8 pés de sul/sudoeste, com período alto. Quanto mais alto o período mais tubular e grossa fica a onda. A maré perfeita é a média, tanto enchendo quanto baixando. O melhor vento é o leste, que bate terral nessa onda.

As pranchas de alta performance do dia a dia são as melhores para este pico. Dê preferência a rabetas mais fechadas, round ou round pin. Os modelos que recomendamos para surfar no Peak são as versáteis Fever da Al Merrick e a Pyzel Radius.

No Men

Opção alternativa para quem quer surfar sozinho, como o nome já diz. Fica do outro lado do canal da esquerda de Lakey Peak. Direita que quebra grande e fecha rápido, quase não proporcionando manobras, apenas uma correria. Mesmo assim, por vezes é possível pegar algumas boas junções.

Nungas

Nos dias em que quebra clássica pode ser comparada G-Land. Nungas é uma onda muito divertida que segura ondulações grandes, quanto maiores as ondas, melhores elas ficam. Como a maioria das ondas da região, exige uma longa remada pra chegar ao pico, mas com canal fundo, pode-se surfar a primeira onda com os cabelos ainda secos. Em dias pequenos acaba ficando seccionada e um pouco rápida, principalmente na maré seca. Sem dúvida é a melhor opção quando a ondulação está passada, grande demais para os outros picos. Também é muito frequentada por kite surfers quando o vento entra forte.

As melhores condições para Nungas são swell de sudoeste com 6 a 12 pés, período longo e maré seca enchendo, mas funciona em qualquer maré. O vento terral é o sudeste. Por ser uma onda muito longa, que pode quebrar por mais de 200 metros, com um mix de seções rápidas e tubulares com outras mais lentas e manobráveis, deve-se usar pranchas que sejam muito velozes e manobráveis. Este é o caso da Sharp Eye 77 e da Al Merrick Happy

Periscopes

Direita perfeita, estrela de muitos vídeos de surf nos últimos anos. Fica um pouco longe, 30 a 40 minutos a pé pela praia, ou se preferir, alugue uma moto por 5 dólares por dia. A remada até o pico é curta e raramente tem correnteza. Periscopes é uma onda que oferece ótimos tubos e paredes em pé, extremamente manobráveis que possibilitam um surf de alta performance.

Quanto mais cedo chegar, melhor. Quando está nos melhores dias pode ficar bastante crowdeada, mas vale a pena dada a qualidade das ondas. Não deixe pertences na areia, há relatos de pequenos furtos por ali.

Para quebrar nas melhores condições requer maré média para cheia, com swell de sul/sudoeste entre 5 e 10 pés e também com longo período. O vento terral é o nordeste. As pranchas que funcionam em Lakey Peak também são as mais indicadas para Periscopes quando está quebrando até 5 pés. Caso esteja maior, use as pranchas indicadas para Nungas.

Cobblestones

Esse pico fica há apenas 10 minutos de moto do centro de Lakeys, neste caso ao sul, direção oposta de Periscopes. Boas direitas manobráveis quebram de um lado do canal, enquanto do outro lado, esquerdas tubulares e com uma seção final rasa fazem a alegria dos surfistas nos dias pequenos. Uma das ondas mais constantes da área, sempre tem alguma coisa quebrando. Swell de sudoeste entre 3 e 6 pés, maré média para cheia e vento leste deixam as ondas perfeitas em Cobblestones.

As melhores pranchas também são as mesmas recomendadas para o Peak, as de alta performance mais versáteis.

Outros Picos

Além destas, existem outras ondas um pouco mais distantes que são pouquíssimo exploradas e requerem conhecimento local para serem alcançadas, mas são garantia de surf praticamente sozinho, como por exemplo o pico de Nangadoro.

Recomendações

Lembre-se de colocar na mochila bastante protetor solar de alto fator, de preferência com óxido de zinco em sua composição, pois eles duram mais tempo na água. Igualmente importante são os repelentes de mosquitos, lycra com proteção UV, boné, óculos de sol e um bom par de chinelos. Tudo isso será bastante usado por lá.

As bancadas de corais nesta região são menos afiadas que as de Bali, em alguns picos elas são até cobertas por uma vegetação que alivia o impacto em caso de contato. Entretanto, ainda assim é sempre recomendado ter à disposição botinhas de cano baixo para surf, afinal precaução nunca é demais.

A melhor temporada para uma viagem à região é entre os meses de fevereiro e junho. É nesta época que os ventos entram com menos força no período da tarde e a crowd é menor. Nos demais meses o vento geralmente entra com mais força a partir das onze da manhã, o que não impossibilita o surf, apenas deixa a textura do mar um pouco mais mexida e irregular.

Se você tem planos de embarcar para a Indonésia em breve, aproveite e monte seu quiver de acordo com as necessidades dos picos onde pretende surfar. Se precisar, nossos consultores poderão ajudá-lo com suas escolhas. Caso queira convencer algum amigo de ir nessa trip com você encaminhe este artigo que logo ele se empolgará também.

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Assista ao vídeo abaixo, ele ilustra boa parte do que falamos no texto. Desde a chegada, a comunidade e as ondas perfeitas.