Sharp Eye HT2: Analisando Pranchas

Sharp Eye HT2: Analisando Pranchas

Seguindo com nossa série Analisando Pranchas, vamos falar de mais um modelo testado e aprovado pelo Filipe Toledo, a Sharp Eye HT2.

Da mesma forma que aconteceu com outros modelos de pranchas que analisamos por aqui, a HT2 já nasceu validada por um top do circuito mundial da WSL. No caso desta prancha, ela já nasceu sendo campeã de uma etapa do CT, mesmo antes de ser lançada como modelo oficial ao público. A Holy Toledo 2 foi desenvolvida em uma parceria entre o shaper Márcio Zouvi e o surfista Filipe Toledo para o evento Hurley Pro em Trestles no ano de 2017.

Lower Trestles, o pico onde este campeonato acontecia, é famoso por sua perfeição. Direitas e esquerdas que proporcionam inúmeras manobras, de todos os tipos, e que revelam o melhor (e o pior) de cada surfista. Em dias clássicos, sem dúvida o ideal é ter uma prancha que combine velocidade, responsividade e que seja bastante adaptável às diferentes condições e formas que a onda pode apresentar.

Entretanto, quando se fala de dias pequenos e inconsistentes em Trestles, usar uma prancha que seja capaz de performar bem em ondas fracas e com seções irregulares sem perder a manobrabilidade e a agressividade é de suma importância. Confirma no vídeo abaixo as melhores ondas de Toledo e Jordy Smith na final daquele evento e tire suas próprias conclusões sobre a performance do Filipe com a HT2 nas marolas de Lowers.

Holy Toledo

O primeiro modelo de prancha feito em parceria com o Filipe foi lançado com o nome de Holy Toledo. Ela foi feita para condições de ondas médias e boas, mas penava um pouco em ondas menores e fracas. Foi então que Márcio resolveu desenvolver um modelo para ondas não tão boas baseado na original HT, assim nasceu a HT2.

Ela foi baseada no outline da sua antecessora, mas recebeu algumas modificações e aprimoramentos bem visíveis. Todos estes refinamentos foram pensados para que o novo modelo fosse a prancha do dia a dia tanto no free surf quanto nas competições em ondas pequenas. Testada e aprovada pela equipa da Sharp Eye, seu lançamento veio após a espetacular vitória de Toledo na Califórnia.

Concave

 

Filipe Toledo é sinônimo de velocidade, provavelmente o surfista mais veloz da atualidade. Quando combinado com uma prancha projetada para gerar ainda mais velocidade o resultado é impressionante. Foi pensando nisso que este modelo foi projetado com um single concave por todo o fundo. Ele começa suave próximo ao bico e vai se aprofundando conforme chega próximo às quilhas. Isso direciona o fluxo de água e gera muita sustentação e drive para o surfista. Esta é inclusive a mesma configuração de fundo de outro modelo desenvolvido para o Filipe, a #77.

Rocker

Como esta prancha foi desenhada para funcionar melhor em ondas pequenas, ela tem bem menos rocker que a #77 por exemplo. Se comparada à Holy Toledo, sua curva de rocker é também mais suave. A curva de bico é média e ajuda o surfista a atacar as partes mais críticas e completar drops atrasados em ondas mais íngremes.

A parte do meio da prancha é bem flat e isso proporciona ao surfista mais facilidade em passar nas partes mortas das ondas sem perder performance e velocidade. Para finalizar, a curva de saída na parte final da prancha é contínua e baixa, o que entrega bastante drive e segurança nas curvas, além de manter a velocidade gerada pelo profundo concave e pelo rocker flat no meio.

Bordas E Outline

Suas bordas são no estilo box. Isso significa que são mais cheias e arredondadas, principalmente na parte central da prancha. Nas primeiras polegadas próximas ao bico e também na parte final, das quilhas até a rabeta, essas bordas caem bastante e ficam mais baixas e afiadas. Isso certamente faz com que ela fique um pouco mais por cima d´água, mas ao mesmo tempo permite longas curvas nas bordas se pressionada na rabeta. Isso se deve principalmente ao edge (parte debaixo da borda) mais acentuado no quinto final da prancha.

Seu outline é bem limpo e equilibrado, não havendo nenhum tipo de falso wing ou quebra de linha. Para finalizar, a rabeta squash oferece drive e responsividade nas cavadas e manobras, sendo bastante versátil em diversas condições de ondas.

Quilhas

Esta prancha foi projetada para ser usada principalmente com as quilhas do Filipe Toledo Air Core, da FCS, que é a mais leve e rígida na linha da marca atualmente. Isso permite que ela seja forçada e exigida ao máximo, respondendo com muita tração, estabilidade e projeção quando exigida. Por ser um modelo de quilha neutro, que não é nem muito alongado para trás e nem muito reto, serve bem em qualquer tipo de mar.

Para quem usa Futures Fins escolhemos um modelo que se assemelha ao do Toledo, que é a F6 Legacy Series. Prefira usar as quilhas no tamanho adequado para seu peso. Caso deseje saber mais sobre o assunto, clique aqui e entenda tudo que sempre quis saber sobre quilhas.

Sensações

Esta é definitivamente uma prancha de alta performance para ondas pequenas e médias. Funciona melhor em mares de 2 a 4 pés e deve ser utilizada por surfistas de nível intermediário para avançado. Não recomendamos este modelo para os iniciantes pois ela exige um grau de habilidade razoável para performar bem. Isso porque a HT2 é uma prancha muito rápida e às vezes um pouco mais dura para virar, dadas suas características de fundo e curva de rocker. Esteja sempre consciente de focar a aceleração no pé da frente, onde o maior volume está concentrado, para aí sim poder forçar suas curvas no pé de trás e realizar as manobras em alta velocidade e com controle, da forma como ela foi projetada para fazer.

Dependendo onde você costuma surfar, esta pode sim ser sua prancha do dia a dia, mas lembre-se de completar seu quiver com uma #77 por exemplo, que irá atendê-lo perfeitamente bem quando as condições do mar assim exigirem. Se você lembrar de algum amigo que está em busca de uma prancha como a HT2, mande este artigo a ele, assim você poderá ajudá-lo a evoluir seu surf em ondas pequenas e se divertir ainda mais.