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Surf Na Gold Coast – Análise Do Pico

Surf Na Gold Coast – Análise do Pico 

Neste segundo capítulo internacional da nossa série Análise do Pico, hoje vamos falar sobre como é o surf na Gold Coast Australiana.

A lendária Costa Dourada australiana já é bastante conhecida da maioria dos surfistas. Sem dúvida, muitos de vocês já viram imagens alucinantes de ondas perfeitas e azuis quebrando por centenas de metros em picos como Snapper Rocks, Kirra e Burleigh Heads. Mas o que muita gente não sabe é quais são as condições necessárias para que elas quebrem com perfeição.

País Do Surf

Se olharmos o mapa da Austrália, iremos perceber algo bastante peculiar, a imensa maioria da população, em torno de 90%, vive nas cidades ao longo da costa australiana. Inegavelmente, por esse fato, o povo australiano tem uma ligação muito grande com o mar, as praias e seus esportes de água. Como não poderia ser diferente, o surf é um deles.

Por muitas décadas, a Austrália manteve o maior número de surfistas na elite mundial, perdendo esta hegemonia apenas recentemente para o Brasil, com nossa geração denominada de Brazilian Storm. Ainda assim, o contingente de surfistas profissionais australianos disputando etapas prime do QS ainda é o maior de todos. Isso se explica muito pela enorme popularidade que o esporte tem por lá desde os anos 60, e só aumentou desde então.

De fato, em grande parte das praias de lá existem os chamados Surf Clubs, que reúnem surfistas locais e promovem eventos com muita frequência. Sem dúvida, o surf está no sangue do povo australiano, onde é possível encontrar desde crianças de 3 anos de idade aprendendo a surfar até idosos com seus pranchões correndo extensas paredes.

A Costa Dourada

surf gold coast

Num país de dimensões continentais, não é de se espantar que haja milhares de picos de surf. Há ondas desde a costa norte do estado de Queensland, onde quebram ondas perfeitas na famosa Barreira de Corais, até o outro extremo, na região de Broome, em Western Australia. No caminho entre estes dois locais há ondas para todos os tipos de surfistas. Existem beach breaks perfeitos e tubulares, point breaks longos, reef breaks rasos e perigosos, bocas de rio perfeitas e tudo o que mais o surfista quiser. Se procurar direitinho você certamente irá encontrar o está buscando.

Dentre todos estes milhares de picos, existe uma região muito privilegiada de ondas boas, a Gold Coast. Localizada no extremo sul do estado de Queensland, a Goldy, como chamam os locais, concentra algumas das melhores direitas do mundo em um pequeno trecho de litoral. Além dessas direitas, ainda existe um beach break de excelente qualidade, já do outro lado da fronteira estadual, em New South Wales, chamado Duranbah, ou D’Bah para os mais chegados.

Com tantas opções, é fácil entender o porquê saem tantos surfistas de elite dali. Só para citar os mais recentes, Mick Fanning, Joel Parkinson e Stephanie Gilmore são exemplos de surfistas de grande sucesso que foram lapidados nas perfeitas ondas da região de Coolangatta e Gold Coast. Contando apenas estes três nomes citados acima, são onze títulos mundiais conquistados.

Surf Por Todo Lado

surf gold coast australia

O mapa acima pode até parecer meio confuso, mas são tantos os picos de ondas boas em um espaço tão pequeno, que eles realmente se amontoam um ao lado do outro. Alguns desses nomes nada mais são do que sessões de uma mesma onda, como por exemplo Snapper Rocks, Rainbow Bay e Greenmouth. Há lendas de que alguns surfistas já emendaram as três sessões em uma única onda, o que é muito raro de acontecer. De fato, elas levam nomes diferentes por serem realmente picos distintos na mesma faixa de praia.

Dentre tantas opções, é até difícil escolher de quais vamos falar mais detalhadamente. Por isso, usamos as ondas que recebem a primeira etapa da Liga Mundial de Surf da WSL como nosso alvo de análise hoje. Dessa forma, recorremos ao nosso amigo Jonny, residente na Gold Coast, para poder falar melhor de como as ondas de Duranbah, Snapper Rocks e Kirra quebram em dias clássicos.

Duranbah

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Os surfistas da Gold Coast certamente não têm muitas oportunidades de surfar ondas para a esquerda. De fato, a região é dominada por direitas e os poucos beach breaks da área tendem a quebrar mais direitas do que esquerdas. Por isso, os locais valorizam tanto a praia de Duranbah. Inegavelmente ela é o pico mais constante da região, quebra em condições razoáveis praticamente todo dia, e quando está clássico é um dos melhores beach breaks do mundo, mas também, um dos mais crowdeados.

As melhores condições acontecem em D’Bah com swell médio de 3 a 5 pés. Esta praia recebe ondulações de muitas direções diferentes, sendo sudeste e sul as melhores. Quanto ao vento, o ideal é sempre do quadrante oeste e suas variações, mas mesmo o vento sul não é dos piores no canto da praia, protegida pelo molhes de pedra. A corrente é tranquila normalmente e é fácil entrar na água pelo canal, beirando os molhes. A melhor maré vai depender de como estão os bancos de areia na praia, porém as marés enchendo e secando são ideais. O fundo varia muito, qualquer ondulação grande é o suficiente pra mudar totalmente os bancos e alterar a qualidade das ondas.

Separamos dois modelos de pranchas as quais consideramos perfeitas para que você possa aproveitar ao máximo as ondas de D’Bah:

Snapper Rocks

O primeiro pico de direitas da região e também o mais frequentado e famoso. Snapper Rocks é palco da primeira etapa da Liga Mundial de Surf da WSL e uma das ondas preferidas de muitos dos competidores. Por vários anos houve um acúmulo de areia artificial no point, devido a uma dragagem que era feita no canal de Tweed Heads, mais ao norte. Naquela época o fundo de Snapper ficou absolutamente perfeito, dando origem ao que se chamou de Superbanks. Bem, nos dias de hoje isso já não existe mais e o fundo do pico fica dependendo exclusivamente da natureza.

As melhores condições para Snapper são com ondulação de leste, no entanto funciona também com sudeste/sul. A maré seca é a ideal para que rolem aquelas ondas que vemos nos vídeos (acima), com diversas sessões de tubo. O período alto é o melhor, acima de 12 segundos de preferência. Voltando a falar do fundo, ele varia bastante de acordo com ventos e swells. O vento sul é terral, mas o sudeste também serve mais para dentro da baía. Em dias de altas ondas, espere uma corrente forte de sul por toda a extensão da onda.

A entrada na água pode ser bastante desafiadora, visto que os locais mais experientes se jogam de cima das pedras e para isso é preciso muito conhecimento. Para aqueles não tão experientes, o melhor mesmo é entrar remando pelo canto das pedras. Espere por um crowd nunca antes visto na sua vida, mas também espere pegar as melhores direitas que você jamais imaginou pegar.

Por ser uma onda que oferece tubos e manobras, é importante usar uma prancha versátil. Sendo assim, recomendados os modelos abaixo:

Kirra

surf gold coast

A rainha da Gold Coast. Por alguns anos, Kirra ficou adormecida por conta do Superbanks. Toda a areia ficou acumulada entre Snapper Rocks e Greenmouth, deixando-a completamente sem fundo. Para muitas pessoas, a onda mais mítica da região estava morta. Todavia, para a alegria dos surfistas locais, após a desativação da dragagem do canal de Tweed Heads e do depósito de areia em Snapper, a areia voltou a ser depositada lentamente no fundo de Kirra, a natureza retomou seu curso e as pistas se formaram novamente.

As condições ideais para Kirra quebrar clássica são praticamente as mesmas de Snapper Rocks, porém ela é muito mais sensível. A principal diferença é que para a máquina de Kirra ligar é necessária uma ondulação realmente grande, acima de 8 pés e com longo período. O banco de areia é bastante raso, o que faz com que ela seja uma onda muito rápida e tubular, como se pode ver neste vídeo de um dia histórico no pico.

Pensando em ondas muito velozes e tubulares, devemos recomendar pranchas igualmente velozes, que andem muito bem nos tubos, que é a principal manobra na onda de Kirra. Assim sendo, indicamos os dois modelos abaixo, de shapers locais da região:

 

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