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Surf Em Matinhos: Análise Do Pico

Análise do pico de matinhos

Análise Do Pico: Matinhos/PR 

Seguindo nossa série de postagens chamada Análise Do Pico, hoje é dia de falar de Matinhos, um dos picos mais lendários do Brasil.

A Namorada Do Paraná

O povoado de Matinhos foi fundado em 1938 e virou município, sendo emancipado vinte e nove anos depois, no dia 12 de Junho de 1967, dia dos namorados. Por esse motivo, a cidade é chamada carinhosamente de “Namorada do Paraná”. 

Berço Do Surf Paranaense 

análise do pico de matinhos
Foto: Júlio Bazanella

Segundo Juca de Barros, que foi o primeiro presidente da história da Federação Paranaense de Surf e o melhor comandante que a Confederação Brasileira de Surf já teve, foram o matinhense Tadeu Gliszcynski e o Curitibano frequentador de Guaratuba Agnello Leichsenring, os pioneiros do surf no litoral paranaense, no final dos anos 60. Tadeu inclusive construiu sua primeira prancha de madeirite, com base em conhecimentos adquiridos em revistas de engenharia. O resultado foi um pranchão pesado, de compensado naval colado e parafusado. 

Em contrapartida, no caso de Agnello, ele fez uma prancha de espuma rígida com revestimento de fibra de vidro. Na ocasião ele teve a ajuda de um engenheiro químico que fabricava colchões. Tadeu e Agnello são certamente os responsáveis por todas as outras gerações que vieram posteriormente. 

Anos 70

Foi em meados da década de 70 que inegavelmente o surf no Paraná ganhou notoriedade. As primeiras competições aconteceram no ano de 1977, quando o primeiro campeonato paranaense de surf foi realizado nas ondas de Matinhos. Conforme disse o historiador do surf paranaense, Juca de Barros, “muitas outras competições importantes vieram depois e culminaram com a revelação de muitos talentos do surf paranaense, como Jamil, Jamo, Jairton e Cico Braga (in memorian)”.

De fato, o campeonato que mais impactou os surfistas e o público naquela época foi realizado em setembro de 1981. Foram quatro dias de competição, sendo dois em Guaratuba e dois em Matinhos. Tanto atletas quanto público foram agraciados com altas ondas nas Direitas de Guaratuba e no Pico de Matinhos. Ao final o grande campeão foi a lenda do surf do paranaense, Jamil Gonçalves.

Gerações De Campeões

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Peterson Rosa entocado. Foto: Eduardo Fleck Rosa

Desde os anos setenta muitas gerações se formaram nas ondas de Matinhos. Eventualmente até mesmo surfistas da capital se destacaram por ali, como é o caso dos Curitibanos André De Paula Soares, Edson Crespo e Nelsinho Galvão. Todavia, os grandes nomes do surf no estado saíram de Matinhos e foram forjados nas longas e perfeitas direitas do Pico. 

Certamente o maior nome da história do surf no Paraná foi Peterson Rosa. Nascido no Guarujá, Peterson mudou-se para matinhos com oito anos de idade e com dez aprendeu a surfar. Pouco tempo depois, com quinze anos, ele conquistou os títulos brasileiros das categorias Mirim e Júnior, além de ter se tornado profissional, durante um evento em Portugal. 

Entre os anos de 1994 e 2000 o Bronco (como é conhecido) conquistou três títulos brasileiros profissionais, além disso, fez parte do circuito mundial por 17 anos, sendo 14 na elite. Peterson alcançou o auge de sua carreira em 1998, quando obteve sua única vitória no WCT. Em frente a milhares de pessoas, Rosa atropelou todos seus adversários no Rio Marathon Pro na Barra da Tijuca e levou a torcida brasileira à loucura. Terminou o ano na oitava colocação, sua segunda melhor na carreira, pois a melhor foi em 2001 quando foi o sétimo melhor do mundo. Todo esse sucesso lhe rendeu uma estátua nas pedras do Pico de Matinhos, erguida em 2008.

Outros Destaques

Outros nomes Matinhenses de destaque internacional foram o ídolo local Jihad Khodr, bicampeão brasileiro e que também fez parte da elite do surf mundial por dois anos, 2008 e 2009. Mesmo caso de Bruna Schmitz, única mulher paranaense a figurar no WCT, que participou das temporadas de 2009 e 2010. 

Atualmente outro fenômeno da cena local faz parte do seleto grupo de 36 melhores surfistas do mundo, Peterson Crisanto. O Urso, como é chamado, sempre foi surfista de destaque nas categorias de base e hoje, aos 27 anos, mostra suas garras na elite mundial. A temporada passada foi a de estreia, entre altos e baixos como é comum para um rookie, Crisanto mostrou muitas qualidades, principalmente em ondas tubulares, e promete fazer estrago na temporada de 2020, para orgulho dos paranaenses. 

No longboard, Matinhos também produziu excelentes nomes no cenário nacional e mundial, em virtude de suas longas paredes. Casos por exemplo da bicampeã brasileira Thiara Mandelli e do campeão panamericano Marco Kamers. No bodyboard, destaque para Cláudio Marques, Sanderson Trevisan e Lorraine Lima.

Ondas Do Saber

Desde 2008 funciona, no Pico de Matinhos, o excelente projeto Ondas Do Saber. Idealizado com participação do ídolo Peterson Rosa, este projeto oferece às crianças da rede municipal de ensino atividades aquáticas no contra-turno escolar, com a finalidade de ensinar, estimular e descobrir novos talentos de maneira unificada e segura.

O projeto em questão trata o esporte com uma perspectiva educacional direcionada, buscando o incremento da qualidade de vida, a manutenção e a melhoria da saúde, bem como o favorecimento do bem-estar físico, social e psicológico dos participantes.

Desde então foram milhares de alunos atendidos, e como não poderia deixar de ser, diversos deles são hoje destaques no esporte. Nomes como Luara Mandelli, Gabriely Vasque, Lukas Camargo e Anuar Chiah figuram hoje entre os principais competidores dentro de suas categorias no Brasil, contando inclusive com títulos nacionais. 

De fato o projeto é louvável, entretanto isso só é possível graças ao incansável trabalho de dezenas de profissionais dedicados, que não medem esforços para complementar a educação destas crianças. Nosso reconhecimentos a todos que já passaram por ali, com destaque para Sanderson Trevisan, Mariane B.Macedo Silva, Antônio Casagrande Junior, Edwin Pock Neto, Andressa Carvalho, Diego Chaves, João Marcos Moura, Jorge Porvilho, Péricles Dimitri, Rogério Gordaines, Tatiana Dallegrave, RenatoTrogue, Woshington Silva da Costa entre outros. 

Constância De Ondas

A cidade de Matinhos conta com mais de dezessete quilômetros de praias. No entanto, apenas na Praia Mansa é que não rolam ondas, apesar dos raríssimos dias em que quebram umas marolas no canto do molhe. No restante é possível achar alguma condição surfável em grande parte do ano, sendo um dos destinos preferidos dos surfistas do Estado do Paraná. 

Até mesmo em dias de ondas muito pequenas no verão, o canto direito da praia de Caiobá, também conhecido como Mapi, oferece condições para os mais fissurados arriscarem algumas manobras, principalmente na maré cheia. 

Praia Brava

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Juca’s Point – Foto: Juca de Barros

A Praia Brava de Matinhos inegavelmente mantém bastante constância durante o ano todo. Suas ondas fortes, tanto para a esquerda, quanto para a direita, fazem a cabeça da galera local e dos curitibanos, que frequentam muito esta praia. De meio metrinho até dois metros é possível achar boa diversão, desde o famoso prédio Pipeline até o canto norte, no Backdoor. 

Em dias de altas ondas, certamente muitos tubos são surfados por toda a extensão da Brava, assim como paredes em pé e junções poderosas se oferecem aos mais habilidosos, fazendo a alegria do crowd. Destaque para a vala do Juca’s Point, nome dado ao pico em frente à casa do nosso colaborador, Juca de Barros, frequentador da praia há mais de 40 anos. Vale ressaltar que nestas condições a arrebentação fica pesada e a correnteza pode arrastar os mais desavisados em direção às pedras, portanto muita atenção. 

O Pico De Matinhos

Análise do pico de matinhos
Pico de Matinhos – Foto: Matheus Giuseppe MG7

Vamos ao que mais interessa, a melhor direita do Brasil! Sim, em seus dias clássicos quebram ondas de até 500 metros de extensão. De fafo não é raro ver mais de três tubos na mesma onda e surfistas extenuados, mal conseguindo caminhar depois de ter surfado uma onda por mais de um minuto.

No entanto, não pense que isso ocorre todos os dias. As protegidas ondas do Pico precisam de condições bastante específicas para quebrarem da forma como descrevemos acima. Quando isso acontece, geralmente a forte correnteza e a dificuldade para entrar no mar deixam as condições bastante desafiadoras. Dessa forma, os surfistas locais dominam as ações e sempre vêm na melhores ondas, as quais quebram em frente às pedras, atrás da laje, e exigem posicionamento, conhecimento e habilidade muito avançadas. 

De qualquer forma, há ondas para todos. Surfar no Pico é uma experiência incrível, mas para que seja inesquecível, primeiramente você deve respeitar os demais surfistas e principalmente o oceano. Primordialmente, tenha um comportamento digno de ser bem-recebido, como faria em qualquer outro lugar e como gostaria que fizessem em sua praia local. Os nativos são ótimas pessoas, sempre muito receptivos e sabem da importância de ter pessoas de fora em sua cidade, no entanto, lembre-se sempre, respeito é bom e todo mundo gosta. 

Encontre seu posicionamento no mar, não reme em todas as ondas que aparecerem (sim, elas são tentadoras) e principalmente entenda como funcionam as correntes, onde as melhores ondas estão, quem são as pessoas que estão na água e logo você estará se divertindo e pegando algumas das ondas mais longas de sua vida. 

Surfistas Locais

Nos dias clássicos do Pico, certamente haverá vários locais na água os quais estarão quebrando as ondas e mostrando como se deve surfá-las da melhor forma. Assim sendo, é bom que você conheça alguns desses nomes e saiba identificá-los:

Peterson Rosa

Jihad Khodr Peterson Crisanto

Jorge Porvilho

Péricles Dimitri Rodrigo Blom

Alessandro Pelanka

Gil Cordeiro Edson De Prá
Alessandro Schmitz João Marcos Moura

Fábio Martins

Celso Junior Alessandro Coelho

Yohann Ivanoski

Alessandro Puga

Alex Lati Sanderson Trevisan
Alex Lima Anderson Dan

Yasser Chiah

Renato Trogue

Luciano Do Rosário Ahmed Chiah

Edwin Pock

Wellington Tarta Edson Barbosa
Thiara Mandelli Edson Vasque

Thiago Abajur

Ryan Coelho Luara Mandelli

Gaby Vasque

Lukas Camargo

Anuar Chiah Victor Inácio
Aminandes Pamplona Eve Mattos

Cabral Rodrigues

Andressa Carvalho Kauã Carvalho

Clara Chaves

Além destes, há diversos outros surfistas locais que dão show e completam ondas incríveis no dia a dia do Pico. Quando o mar está bom mesmo, há também dezenas de fotógrafos e videomakers na areia e dentro d’água, prontos para registrar os melhores momentos de cada sessão. Entre eles alguns caras que são destaques como Julio Bazanella, Eduardo Fleck Rosa, Matheus Giuseppe, Juca De Barros, Marcos Antunes entre outros. 

Melhores Condições

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Rodrigo Blom – Foto: Juca de Barros

Conversamos com um dos melhores surfistas locais da área, treinador de surf pelo método Power Surf, Rodrigo Hernan. Blom, como é mais conhecido, contou para nós quais são as condições ideais para que o Pico quebre clássico. “O Pico de Matinhos quebrando clássico é um evento magnífico da natureza. Cada lugar tem suas condições específicas para quebrar perfeito e aqui essas condições perfeitas dependem do sincronismo de ainda mais fatores que em outros picos”. 

Fundo Sensível

O fundo das praias paranaenses é formado principalmente por uma camada relativamente estreita de areia fina sobre lodo (lama, tipo de mangue). Essa areia sofre bastante influência das correntes ocasionadas pelos ventos, por isso é facilmente deslocada e acaba deixando a água mais turva. O Pico de Matinhos necessita muito das correntes vindas de sul, para que a areia da Praia Brava (ao sul) seja deslocada para lá, consequentemente depositando material suficiente para formar a pista. Assim, para termos um ano de boas ondas, como têm sido os últimos 4 anos, precisamos de uma constância dessas correntes laterais de sul empurrando a areia da Praia Brava para o Pico.

Swell De Sudeste

Com o fundo acertado, que é o mais importante, o Pico estará pronto para receber as ondulações de Sudeste e Leste. Ondulações dentro desse estreito quadrante (Sudeste/Leste) encaixam perfeitamente na bancada e correm pela pista formando sessões intermináveis de tubos, manobras, manobras, tubos e manobras… até as pernas não aguentarem mais.

Período Médio / Longo

Sem dúvida o melhor período para que o pico quebre perfeito é médio para longo, em torno doze segundos. Muito mais que isso e as séries ficam demoradas demais.

Vento Oeste / Noroeste / Sudoeste

Os ventos vindos do quadrante Oeste e Sul são os melhores. O Oeste é o terral puro, direção perfeita. Entretanto, os ventos vindos de sudoeste e sul pouco atrapalham na formação das ondas por conta do costão de pedras que as protege. O vento Sudeste, assim como o Noroeste, se fracos, são toleráveis e não influenciam tão negativamente.

Maré Enchendo

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Pico na maré cheia – Foto: Matheus Giuseppe MG7

Dependendo da qualidade do swell as marés não influenciam muito. Desse modo, se a ondulação estiver bem encaixada, com o fundo em boas condições, teremos ótimos tubos durante a maré seca e enchendo e longas pistas manobráveis na maré cheia. Em suma, no dia a dia as melhores condições são na maré seca e enchente, sendo que na cheia o Pico de Matinhos vira um parque de diversões de longboarders e iniciantes.

Pranchas Ideais

Quando as condições do Pico estão bem tubulares e pesadas, de fato é muito importante estar com a prancha certa. Por conta da correnteza, estar com a remada em dia também é essencial. Assim sendo, separamos alguns modelos de pranchas para essas situações. Além disso prefira rabetas mais estreitas e lembre-se de usar cordinhas grossas para sua segurança.

 

 

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