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Surfe Melhor: Balanceamento Dos Pés

Surfe Melhor: Balanceamento Dos Pés – 

Dando sequência à nossa série Surfe Melhor, hoje vamos falar da importância do balanceamento dos pés do surfista sobre a prancha e como isso pode afetar a sua performance.

Antigamente, era um grande elogio, embora sutil, dizer que algum surfista era back footed, ou seja, focava sua performance pisando fortemente no pé de trás. Em outras palavras, ele era um power surfer, um cara que não tinha medo de demonstrar sua autoridade em uma onda, aplicando seu peso corporal através da rabeta de sua prancha, baseando quase tudo em seu surf em torno da pressão fornecida pelo pé traseiro.

Sem dúvida, esse pensamento remonta à década de 1980, aquela dos calções fluorescente e das luvas de remada. Verdade é que naquele tempo até o julgamento do surf valorizava as manobras feitas com o fundo da prancha e não se preocupava muito com a qualidade, mas sim com a quantidade de manobras desferidas em uma onda. Contudo, com o passar dos anos, a técnica de surf foi mudando drasticamente para acompanhar a evolução das pranchas modernas, menores, mais largas e velozes. Isso tudo acabou virando as antigas idéias de cabeça para baixo.

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Mudança De Paradigmas

Atualmente, a postura de um surfista habilidoso moderno inverteu essa ordem. O pé da frente é o pé da segurança, centralizado na prancha, sólido, o primeiro a tocar a prancha no drop e o último a descolar dela nos aéreos. Dizemos que é o mais seguro porque ele está apoiado sobre a parte mais larga, mais grossa, mais estável e menos sensível da prancha.

O pé traseiro é o controle sutil, constantemente pesando ou aliviando e sempre pronto para mudar de posição conforme às necessidades das curvas nas ondas. Os melhores surfistas entendem muito bem que apenas um leve ajuste de calcanhar ou dedos do pé nessa área sensível da rabeta tornará até as curvas mais difíceis muito mais fáceis e suaves de serem realizadas.

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O design das pranchas certamente contribuiu muito para isso. Com mais área de bico, rocker de entrada mais suave e single concave profundo sob o pé da frente, as pranchas ganharam muita velocidade, sustentação e drive na metade da frente. No entanto, alguns surfistas ainda vivem com o mito do pé de trás na cabeça e isso se torna um problema real. É muito comum ver surfistas de nível intermediário e até avançado ficarem estagnados no surf por muitos anos, sem perceber que um trabalho de consciência e aprimoramento no balanceamento dos pés pode ser a chave da virada. 

De fato, tudo que fazemos em uma onda depende de como gerenciamos nosso peso sobre a prancha. Desde a remada até um aéreo super moderno, o sucesso na execução destes movimentos terá muito a ver com a forma como posicionamos e balanceamos nossos pés. Se o surfista está com dificuldades de evoluir, talvez esteja colocando o peso no lugar errado na hora errada. 

Praticando

Todo surfista sonha em encontrar uma postura equilibrada, uma postura que permita que o surf flua naturalmente, sem solavancos, sem sustos e principalmente sem tombos bobos. Para isso devemos praticar, praticar e praticar, mas não apenas dentro do mar. Primeiramente devemos praticar as posturas em terra antes de levá-las para a água.

O primeiro passo é colocar sua prancha (sem as quilhas por favor) em uma superfície macia. Primeiramente, fique em pé na sua prancha e observe como você posiciona seu pé traseiro. Posso garantir que irá posicioná-lo completamente perpendicular à longarina da prancha.

Agora, tente girar o pé traseiro para que os dedos fiquem mais voltados para o bico, em um ângulo de 45 graus por exemplo. Então confira como isso afeta toda a sua postura. Você sentirá como se o seu corpo estivesse mais voltado para o bico da prancha, apontado na direção em que a prancha deverá seguir. Assim também será mais fácil de conseguir olhar por cima do seu ombro, principalmente nas cavadas de backside e nas rasgadas de frontside, gerando mais torção de tronco e facilitando estes movimentos.  

Tente agora movimentar o pé traseiro, apoiando o peso no calcanhar e levantando os dedos do pé e depois apoie o peso nos dedos e levante o calcanhar.  Veja como seu joelho cai em direção ao deck da prancha e depois sobe novamente. Isso é o que os praticantes de longboard chamam de knee drop, ou caída do joelho. Dando sequência, agora reposicione seu pé traseiro perpendicular à longarina, com dedos e calcanhar apontados para as bordas. Então role seu pé de um lado para o outro, do dedão ao dedinho do pé. Veja como isso imita o movimento de caída do joelho e permite que você mude e gerencie o peso ao longo do deck traseiro. 

Por fim, o mais importante aqui é aprender, entender e internalizar a mobilidade. Ter em mente a ideia de que seu pé traseiro pode e deve fazer movimentos leves para controlar melhor as curvas e que você pode se apoiar no pé dianteiro nesse meio tempo.

O Pé Da Frente

Agora vamos nos concentrar no pé da frente, outrora esquecido. Coloque seu peso principalmente no pé da frente e tente fazer os movimentos que mencionamos anteriormente com seu pé de trás. Perceba como são mais fáceis de serem realizados quando estamos com o pé da frente carregando a maior parte do peso.

Agora, nessa posição focando o peso no pé da frente, joelhos levemente flexionados e ombros perpendiculares às bordas da prancha, balance de um lado para o outro. Sinta a prancha balançando levemente com seus movimentos. Sinta como, quando você pende levemente seu corpo para frente em cima do pé frontal, o pé de trás muda instantaneamente conforme necessário.

Foque seu trabalho nisso até ter uma boa ideia de como seus pés podem se relacionar e transferir seu peso em busca de um controle preciso. Então só depois coloque esta técnica em prática na água. Um antiderrapante traseiro (mais conhecido como deck) pode ser uma ótima ferramenta para o surfista que tenta aprender a mudar o posicionamento do pé traseiro. Um bom deck fornece excelente referência sobre como e onde o pé de trás está posicionado. Dessa forma você conseguirá ajustar e reposicionar seu pé de acordo com o que a onda pedir, isso apenas seguindo seu instinto e seu tato.   

Não espere que você irá começar a fazer manobras que não conseguia antes de uma hora para outra, mas com certeza você começará a fazer tudo mais facilmente, mais rápido e com menos esforço. É preciso um pouco de concentração nas primeiras vezes, mas o esforço será recompensado. De repente, você descobrirá que virou automaticamente a parte superior do corpo, assim estará mais voltado na direção do bico da prancha. Sendo assim, apenas uma pequena rotação da cabeça e você poderá ver o pocket da onda praticamente de frente. Além disso, suas manobras serão realizadas com muito mais classe e estilo.

Boardslide

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O boardslide é na verdade uma manobra oriunda do skate e do snowboard. Acontece quando a prancha (ou o shape) desliza lateralmente no lip da onda (ou no coping da pista). Neste caso, metade da prancha fica para um lado do lip e metade para o outro, fazendo com que as quilhas apareçam completamente para quem olhar de trás da onda. 

Para que essa manobra seja realizada com perfeição é necessária uma postura muito equilibrada, visto que o único ponto de contato da prancha com a onda é uma pequena parte do fundo e as quilhas estão desengajadas, totalmente livres. Com os dois pés compartilhando a carga do movimento, o surfista tem que ser capaz de mudar seu peso a qualquer momento, sempre que necessário para combinar com a energia variável da onda. Se ele estiver muito pesado no pé de trás esse movimento não será possível, pois a prancha ficará enroscada no lip. Caso haja peso excessivo no pé da frente, a tendência da prancha é embicar, já que a manobra é realizada na parte mais íngreme da onda. 

Da Cavada à Rasgada

Costumamos dizer que uma boa manobra começa com uma boa cavada. Neste caso do vídeo acima, observe como o surfista usa o peso do pé traseiro para ajustar a curva e subir apontando sua prancha para o topo da onda. Essa subida deve ser entre 40 e 60 graus, sempre apoiando a prancha na borda de dentro, onde estão os dedos do pé, e no pé de trás, com drive nas quilhas. Além disso, perceba como ele flexiona o joelho da perna de trás e estende a perna da frente na entrada da manobra. 

No final da subida há uma rápida troca de bordas, quando o surfista se apóia na borda de fora, aquela onde estão seu calcanhares e inicia o movimento de rotação, trocando a prancha de direção. Na sequência, naturalmente ele troca o peso do pé de trás para o da frente, flexionando a perna dianteira e esticando a traseira, fazendo a prancha descer de forma fluida na parede da onda e completando a manobra sem perder velocidade. Tudo deve ser perfeitamente sincronizado (nesse caso não estão avaliando seu tronco, apenas as pernas e principalmente os pés) e com o tempo a coisa começa a sair com muita naturalidade quando se tem a consciência corporal desenvolvida. 

Prancha De Equilíbrio

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Se você estiver sentindo-se fraco nos joelhos e tornozelos ou sentindo que está perdendo algum controle em suas cavadas e manobras, tente praticar diariamente com uma prancha de equilíbrio. O desafio dessa prancha que você a mantenha plana, na horizontal e estável enquanto estiver em pé com os dois pés afastados. O trabalho com este equipamento fortalece todos os pequenos músculos de controle nos pés e tornozelos. Além disso, também ajudará a preparar os ligamentos para enfrentar as instabilidades durante o surf. Isso previne quedas bobas e dá mais estabilidade ao surfista de forma geral. Em mais ou menos um mês, você notará uma diferença significativa em sua capacidade de ajustar sua postura e manter seu equilíbrio em situações desafiadoras e de instabilidade.

Como Saber Se Sua Postura Precisa De Ajustes

  • Você sente que está movimentando os braços um pouco demais?
  • Percebe que tenta realizar as curvas movimentando apenas com a parte superior do corpo?
  • Sofre para conseguir trocar a prancha de borda ou realizar curvas mais fechadas?
  • Às vezes sente que sua perna e joelho da frente enroscam na água quando faz uma cavada de backside?
  • Surfa de forma inconstante nas sessões? (surfa uma onda super bem e logo em seguida manda super mal)
  • Raramente consegue pegar tubos corretamente, mesmo os que parecem fáceis?

Se você de alguma forma reconheceu estas dificuldades, procure identificar quais os aspectos que estão te prejudicando. Perceba a forma como posiciona seus pés e principalmente como transfere seu peso entre eles. Após isso, procure colocar em prática os ajustes aprendidos neste artigo e se puder, encaminhe essas informações para aqueles amigos que têm as mesmas dificuldades que você. Temos certeza de que seu surfe irá alcançar outro patamar após este aprendizado. Boas ondas, nos vemos no outside!


 

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