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Por dentro do Campeonato Mundial de Surf

Confira em detalhes como funciona a dinâmica do World Tour!

Recentemente, o número de fãs e adeptos do surf vem aumentando significativamente e um dos principais agentes da popularização do esporte é a WSL, a Liga Mundial de Surf, que é responsável por organizar o WT (World Tour), um circuito anual onde os surfistas do mais alto nível se enfrentam nas melhores e mais desafiadoras ondas com o objetivo de se tornar o(a) campeão mundial.  A competição é cheia de regras e o modo como é organizada pode deixar muita gente sem entender a dinâmica dos eventos. Para isso vamos esclarecer os principais agentes do circuito.

A WSL e o WCT

As principais competições de surf da atualidade são organizadas e promovidas pela World Surf League (WSL), dentre elas temos: Championship Tour (CT), Qualifying Series (QS), Longboard Championship, Junior Championship, Big Wave Tour e XXL Big Wave Award. Os surfistas que participam desses eventos competem por prêmios em dinheiro.

Hoje vamos focar no World Championship Tour (CT), que é o circuito de nível mais alto, trazendo competidores como Kelly Slater, John John Florence, Gabriel Medina, Stepahnie Gilmore e Carissa Moore.

No CT, os 34 melhores surfistas do mundo + 2 atletas (chamados de wildcards), são convocados pela WSL para competir. Na divisão feminina são 17 atletas e mais uma wildcard competindo em cada evento.

Mas o que são os wildcards? São surfistas escolhidos para competir ao lado dos surfistas do CT em um evento específico. Normalmente esses candidatos serão indicados pela equipe do patrocinador do evento, da área local ou de ambos. Esses surfistas não apenas completam o evento e/ou substituem atletas machucados, mas também trazem novos estilos e desafios para a elite do CT.

A entrada no CT depende da pontuação que o atleta conseguir nas qualificatórias (QS). Anualmente a WSL divulga o calendário de competições com as datas e locais, que é aproximadamente o mesmo todo ano. Assim, os competidores podem decidir as etapas que irão participar ao longo do ano. Fatores como lesões, compromissos ou restrições financeiras podem ser decisivos na participação dos eventos, que estão distribuídos ao redor do mundo.

 

Etapas

Normalmente, a WSL organiza as 11 etapas ano após ano nos mesmos lugares do mundo. Os 3 primeiros eventos na Austrália e o restante em países como Brasil, África do Sul, Estados Unidos, etc. Porém, para este ano, houveram algumas mudanças no calendário do circuito. As principais novidades são: a inclusão do WSL Surf Ranch (confira aqui nosso post sobre o Surf Ranch em Lemoore, no lugar de Trestles também na Califórnia, a Indonésia substituindo Fiji e as mulheres também vão ter a chance de competir nas longas direitas de Jeffreys Bay, na África do Sul, substituindo a etapa de Cascais, em Portugal. A prova de Cascais e a de Trestles poderão retornar ao calendário no futuro.

 

Foto do WSL Surf Ranch, a piscina de ondas criada por Kelly Slater. Foto: WSL

 

Formato das etapas

Cada etapa possui 8 fases, nas quais os surfistas disputam entre si pelo título da etapa e a maior pontuação para o ranking geral.

  • 1ª fase: Os 36 competidores são distribuídos em 12 baterias com 3 atletas em cada. Quem vencer a bateria avança direto para a 3ª fase, enquanto os dois perdedores vão para a repescagem na 2ª fase.
  • 2ª fase (repescagem): Os 24 competidores derrotados na 1ª fase são divididos novamente em 12 baterias. Os vencedores passam para a 3ª fase e os perdedores são eliminados, terminando na 25ª colocação.
  • 3ª fase: Os 12 surfistas vencedores da repescagem se juntam aos vencedores da 1ª fase e disputam em 12 baterias. Quem vencer avança para a 4ª fase enquanto os perdedores ficam com a 13ª posição.
  • 4ª fase: Os 12 vencedores da 3ª fase são divididos em 4 baterias, onde o vencedor de cada bateria avança direto para as quartas de final e os 2 perdedores ganham mais uma chance na repescagem (5ª fase).
  • 5ª fase (repescagem): Os 8 surfistas que perderam na 4ª fase disputam em 4 baterias pela vaga nas quartas de final, enquanto os perdedores são eliminados, ficando com a 9ª colocação.
  • Quartas de final: Os 4 surfistas que venceram a 4ª fase disputam com os sobreviventes da repescagem. Quem ganhar, passa para a semifinal.
  • Semifinal: Duas baterias de 2 contra 2 decidirão os competidores da grande final.
  • Final: Os dois vencedores da semifinal disputam pelo título. O melhor receberá o título de campeão do evento e a maior pontuação para o ranking geral.

 

Filipe Toledo campeão da etapa Oi Rio Pro 2018. Foto: Daniel Smorigo / WSL

Na água

Em cada bateria do CT, 2 ou 3 surfistas entram ao mesmo tempo em determinado pico. Os surfistas têm entre 20 e 30 minutos (podendo variar com as condições do local e evento) para pegar as melhores ondas possíveis. Cada onda surfada é avaliada pelos juízes em uma escala de 10 pontos e as duas melhores ondas de cada surfista contarão para a pontuação final do atleta. Portanto, se o surfista tiver uma nota final de 20 pontos, o que não é comum, significa que ele teve duas ondas perfeitas.

 

Pontuação

A avaliação dos 5 juízes é feita com base nos seguintes elementos:

  • Confiança e grau de dificuldade
  • Manobras progressivas e inovadoras
  • Combinação de manobras fortes/expressivas
  • Variedade de manobras/repertório
  • Velocidade, força e fluidez

Já a escala das notas segue esse padrão:

  • [0,0 – 1,9]: Fraca
  • [2,0 – 3,9]: Regular
  • [4,0 – 5,9]: Média
  • [6,0 – 7,9]: Boa
  • [8,0 – 10]: Excelente

Em cada onda avaliada, a maior e a menor nota (dentre os 5 juízes) são descartadas e o surfista recebe a média das 3 notas restantes.

 

Prioridade

Quando o surfista possui a prioridade ele tem o direito de escolher qualquer onda da bateria para surfar, então ele pode esperar pela melhor onda do set para conseguir potencialmente uma melhor pontuação. Porém, no momento em que ele remar para alguma onda, ele perderá a prioridade, independente de ter surfado ou não. Caso dois surfistas ou mais surfarem suas ondas, o primeiro deles que retornar à linha de arrebentação ganhará a prioridade.

 

Interferência

Se algum surfista prejudicar o potencial de nota daquele que detém prioridade, será punido com uma interferência. Portanto, ele perderá sua segunda melhor nota e sua média na bateria será dada apenas pela melhor onda surfada.

 

Ranking

A pontuação dos participantes é dada após cada um dos eventos da WSL, seguindo uma tabela de pontos pré-determinada. O 1º colocado do evento recebe 10,000 pontos, o 2º 8,000 e assim em diante até o 25º que recebe 500 pontos (mesma pontuação dos lesionados). Esses pontos, somados etapa após etapa, formam o ranking do Circuito Mundial. O atleta que ao final do ano, após a última etapa, possuir a maior pontuação, será o novo Campeão Mundial de Surf.

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