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Surfe Melhor: Deslocamento De Peso Vertical

Surfe Melhor: Deslocamento De Peso Vertical –

Dando continuidade a nossa série Surfe Melhor, hoje é dia de falarmos do deslocamento de peso vertical sobre a prancha. Na realidade, esse tema é um complemento do anterior, onde iniciamos falando sobre a transferência de peso de forma paralela. 

Yin e Yang, curva inferior e curva superior… tudo no surf, assim como na vida em geral, tem seu oposto. Muito do que examinamos aqui em outros artigos, referente ao estilo e a técnica do surf, diz respeito à pressão. Esta pressão – entre a prancha e a onda – é criada em parte pela energia da onda e em parte pelo peso do surfista equilibrado contra ela. Este é mais um tema abordado pelo jornalista australiano e profundo conhecedor do surf, Nick Carroll, em seu livro The Complete Guide To Surfing Your Best.

Mudança De Performance

Por anos e anos, isso era tudo em que alguém pensava quando se tratava de surfar bem. Aplicar pressão sobre as bases da prancha. Força, power surf, essas eram as palavras da vez. Até que certo dia apareceram os primeiros surfistas mandando aéreos, inclusive arriscando alguns nas competições. De fato naquela época muitos outros surfistas zombaram deles, de forma preconceituosa diziam serem “meio-homens”, pois ficavam correndo das ondas pois não conseguiam cravas as bordas e realizar grandes batidas ou rasgadas (na opinião deles).

Foi assim que Kelly Slater e sua geração de surfistas foram recebidos no início dos anos 90. Realmente eles viraram o mundo do surfe do avesso com suas apresentações. Com seu talento natural, Kelly uniu manobras aéreas e carves na borda, colocando e tirando peso da prancha nos momentos exatos, realizando as melhores manobras conforme cada seção pedia. O surfe desde então evoluiu para um equilíbrio entre os dois e, dessa forma, junto com a transferência paralela de peso, que vimos no artigo anterior, agora temos o deslocamento de peso vertical.

Qual É O Efeito Disso

surfe melhor vertical

Os deslocamentos de peso verticais aliviam o peso e a pressão de alguma parte da prancha para que ela “perca o drive” ou descole totalmente da água. Isso permite que ela derrape, desgarre, voe ou simplesmente flutue de forma mais leve e suave na água ou no ar, principalmente em movimentos de queda livre como volta de aéreos e floaters, que são momentos que não precisam de peso vertical para baixo, pois a gravidade já faz sua parte.

De fato, normalmente tirar o peso de uma parte da prancha significa que o peso vai para outra parte dela. Você pode ver isso claramente quando o surfista estola para entrar em um tubo, atrasando a prancha. Nesse momento ele afunda o pé na rabeta, para baixo, forçando o fundo contra a onda. Em contrapartida ele dá uma aliviada na base do pé da frente, colocando todo o peso no pé de trás por um instante. O bico sobe, a rabeta desce, freios ativados com sucesso. Da mesma forma, muitas vezes um batida chutando a rabeta e tirando as quilhas para fora da onda significa que o surfista transferiu muito peso para a borda de fora e para o pé dianteiro.

Outras vezes, especialmente durante os aéreos e tailslides, o peso vai em direção ao bico a ponto de enterrá-lo na água. Nesses momentos ele funciona como um compasso, um ponto de rotação para a prancha girar e completar o giro de 360 graus. Um bom surfista muitas vezes vai tirar o peso de uma parte ou de toda a prancha durante movimentos específicos, tais como um floater em queda livre ou uma grande escalada na espuma. Nesses casos, o excesso de peso vertical irá apenas atolar a prancha.

Tudo Que Sobe…

Tudo o que sobe tem que descer, mas nem sempre da forma que esperamos. Essa é a Lei da Gravidade de Newton e é aqui que está o problema com a redução do peso. Tirar peso de sua prancha inevitavelmente significa colocá-la de volta em algum momento. Isso torna a redução do peso um processo formado por três estágios: para baixo, para cima, para baixo. De certa forma, é como o ritmo básico da vida, altos e baixos, entretanto eles devem ser muito bem sincronizados para resultarem um uma manobra de sucesso.

Observe o surfista abaixo tirando o peso da sua prancha Al Merrick Fever na hora da manobra. Observe a extensão do braço, os braços subindo acima do nível dos ombros para manter o peso fora da prancha enquanto ela está no ar. Ficar muito agachado e pesado sobre a prancha resultaria em um desastre. 

surfe melhor vertical

Certamente, os aéreos no surfe parecem ser os movimentos técnicos mais complexos que você pode fazer, mas de certa forma eles são essencialmente iguais às coisas mais básicas. Você precisa ter uma imagem em sua mente de como fazê-los. Use fotos e vídeos para ajudá-lo a imaginar como se mover antes de sair e experimentar na água. Assistir a vídeos de aéreos em câmera lenta pode ser ainda mais útil para você entender toda essa coisa de deslocamento de peso. Perceba como o surfista concentra o peso na rabeta e a empurra contra a água instantes antes da decolagem e logo em seguida alivia o peso vertical, jogando os braços para cima e levando todo o corpo nessa direção, facilitando a saída da prancha no ar e colada aos seus pés.

Peso Nas Bases

Um tipo diferente de redução do peso do surfista é quando ele manda manobras em que todo seu peso fica apoiado em apenas um pé por um momento. Enquanto ele chuta as quilhas para fora da onda e começa a deslizar para baixo na parede, note como Clay Marzo (no layback abaixo) transfere todo o peso para o pé da frente, permitindo que as quilhas e a rabeta deslizem livres acima do lip. Ele apenas mantém seu pé traseiro próximo ao deck, pronto para voltar a pesar na recuperação da prancha já na base da onda.

Como Aplicar?

Existem dois caminhos para a mudança vertical de peso. Ou a prancha se afasta de você (como em um movimento tipo floater em queda livre) ou você afasta a prancha da onda (como num aéreo). Controlar o primeiro deles é um pré-requisito para dominar o segundo. Quando a prancha está caindo você é forçado a esticar o corpo para ficar em contato com ela. Da mesma forma, quando você mesmo está aliviando o peso, tem que estender o corpo.

Abaixo vamos passar algumas dicas que irão ajudá-lo a executar esse deslocamento de peso de uma forma mais precisa:

– Aprenda a estolar, com força: saindo da base da onda, em um pequeno ângulo diagonal, empurre a rabeta para baixo com o pé de trás e levante o pé da frente levemente, incline os ombros para trás e levante o braço da frente deixando cair o braço de trás.

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Richo dominando a técnica de estolar antes do tubo. Note como ele pisa com força na rabeta e alivia o peso do pé da frente.

– Aprenda a mandar ollies no skate: sim, assim mesmo. É em terra firme, é previsível, pode ser repetido indefinidamente até que você conecte o movimento. Uma prancha de surfe não é um skate, mas a mecânica corporal é muito semelhante neste caso.

– Aprenda a segurar a borda da prancha nas curvas: isso não só o estabiliza sobre sua prancha, mas também acaba sendo um atalho para o controle dela quando nos tubos e aéreos.

– Drope com a rabeta para frente. Vire sua prancha de forma que a rabeta e as quilhas fiquem voltadas para frente e pegue uma marola. Fique em pé na prancha desse jeito mesmo e deixe as quilhas agarrarem na água. Elas farão a prancha girar automaticamente para que o bico volte a ficar direcionado para frente. Quando você conseguir completar esse movimento todo e seguir na onda, observe a sensação do deslocamento de peso quase involuntário que acontece.

Lição

Se você fez algo uma vez, você poderá fazer novamente. Às vezes parece que fazemos manobras bem executadas por pura sorte, mas uma vez completado, um movimento faz parte da memória de seus músculos e da sua mente, acredite. O sentimento associado a ele está preso em algum lugar em sua mente, esperando para ser liberado novamente. Um surfista como Filipe Toledo pode fazer reverses o dia todo, mas a única diferença entre o seu índice de acertos e o do Filipe é a total familiaridade que ele tem com a sensação daquele movimento. Vá para a água e veja se consegue seguir esse sentimento.

Aposte na prática intensiva desses ensinamentos se você sente estas dificuldades mencionadas abaixo com muita frequência:

– Você quase nunca acertar bons floaters;

surfe melhor vertical

– Já teve algum tipo de distensão ou tem algum problema crônico nos ligamentos mediais do joelho da perna de trás;

– Você fica preso ao tentar acertar o lip e derrapar as quilhas, ou seja, mandar uma batida chutando a rabeta;

– Mesmo bons movimentos parecem um pouco desajeitados ou atolados no final;

– Você critica os aéreos, mas no fundo no fundo gostaria muito de acertar uns algum dia.

Esperamos que esta leitura tenha sido enriquecedora e esclarecedora no caminho da sua evolução. Caso você acredite que este artigo pode ajudar também aos seus amigos em busca do próximo nível de surf, encaminhe este texto para que possam discutir e praticar estas técnicas juntos. Boas ondas, surfe melhor!

 

 

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