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A Primeira Viagem Internacional De Surf

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A Primeira Viagem Internacional De Surf 

Quem aí já sonhou em realizar sua primeira viagem internacional de surf? Certamente a maioria dos surfistas deseja poder se aventurar em ondas internacionais, daquelas que passamos anos vendo nas revistas e programas de TV.

Inegavelmente, as ondas exercem um fascínio enorme no ser humano. Mesmo aqueles que não surfam são pegos admirando o vai e vem interminável do oceano. Inclusive, é fácil vermos alguns banhistas mais corajosos se arriscando a pegar uns “jacarés”, deslizando com o corpo imerso na onda e, sinceramente, eu nunca vi alguém triste pegando jacaré. É um atrás do outro, às vezes por horas amigos ficam disputando que vai mais longe, quem fica mais tempo na onda e quem pega a maior.

Imagine então o que acontece na cabeça do vivente que de fato surfa sua primeira onda, que pega sua primeira parede em pé na prancha. É realmente algo inesquecível e viciante. Em suma, é muito raro encontrarmos ex-surfistas por aí. Claro, muitos de nós passamos por fases da vida em que diminuímos nossa assiduidade, seja por questões geográficas, profissionais, familiares ou até mesmo financeiras, no entanto é bastante difícil encontrar alguém que perdeu o gosto pela coisa e simplesmente parou totalmente.

O Começo De Tudo

Me lembro bem quando comecei a comprar revistas de surf com a grana do lanche da escola, no distante ano de 1995. Eu não surfava, morava em Curitiba e na sétima série fiz amizade com um colega que já surfava e só falava disso. Bem, naquela época eu gostava muito de ficar olhando o mar, assistir a galera surfando e às vezes me arriscava a pegar umas marolas com minha prancha de “morey boogy” nos verões em Balneário Camboriú, mas não passava disso.

Isso tudo mudou quando meu amigo Régis, o surfista, me convidou pra assistir a um filme de surf chamado Endless Summer 2. Aquelas imagens me tocaram muito e ali tive certeza de uma coisa, eu também queria aquilo para mim. Depois de finalmente conseguir uma prancha no final de 1996, o surf não só se tornou parte da minha vida, mas sim um propósito de vida. Quantas vezes desenhei ondas perfeitas no meu caderno imaginando como seria poder surfar naquelas longas pistas. Fico aqui pensando quantos e quantas surfistas existem no mundo com esse mesmo sentimento nos dias de hoje. Começando a pegar onda, assistindo ao Canal Off, sonhando em um dia poderem desfrutar daqueles momentos mágicos que assistem na TV.

Vinte E Cinco Anos Depois

Resumindo a longa história, hoje, vinte e cinco anos depois daquelas primeiras revistas, cá estou para lhes dizer, acredite, é possível. Desde minhas primeiras ondas até hoje, tive o privilégio de estar em trinta países e ter surfado em mais de vinte deles. Não é fácil, nunca será. Envolve abrir mão de muita coisa, às vezes até mesmo abrir mão de pessoas, sejam elas amores, amigos, família e ampliar a sua zona de conforto em busca de um sonho. Inegavelmente é uma jornada de muito aprendizado e muito crescimento, em todos os aspectos.

Neste caminho à procura da onda perfeita, inevitavelmente acabamos conhecendo muita gente na mesma missão, pessoas que já passaram por muitos lugares os quais você nem imaginaria, que estão na estrada há anos. Destas pessoas recebemos muitas dicas, conselhos valiosos, trocamos experiências e as ensinamos também. Certamente haverá perrengues, assim como no dia a dia em nossas casas, há o ônus e o bônus, mas o importante é aprender com eles e buscar tirar o melhor de cada experiência.

A Incansável Busca

Você pode estar pensando que depois de tantos anos correndo atrás de realizar as viagens dos sonhos o cara dá uma sossegada. Bem, pode ser o caso de alguns, mas não de todos. Na maioria dos casos é uma busca interminável, especialmente nos dias de hoje, quando temos informações e imagens na palma das mãos e tudo está mais fácil de ser acessado. Como disse o lendário Rob Machado em seu filme de surf The Drifter: “Nós sonhamos com a onda perfeita, com o emprego perfeito, com a casa perfeita, com o amor perfeito, e quando alcançamos isso tudo, começamos a sonhar com algo a mais, a jornada nunca termina”.

A Primeira Viagem

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O autor da matéria em Margaret River/WA 2003 – Foto: Russel Ord

Voltando lá atrás, ao ano de 2003, mais precisamente Janeiro, não me esqueço do dia em que voei pela primeira vez. Surpreendentemente, foi logo na minha primeira viagem internacional. De Curitiba à Perth, de fato não foi uma viagem qualquer. Aos vinte anos de idade recém completados, eu havia trancado a faculdade de turismo no início do quarto ano e me larguei para o mundo na companhia de uma mochila gigante e um capão com três pranchas de surf. O destino: Margaret River, na Austrália Ocidental. Por algum motivo eu sonhava com aquele lugar, via fotos e ficava alucinado, algo me dizia que eu precisava ir até lá.

Foi um ano de muito aprendizado, pessoas incríveis cruzaram meu caminho, tive ajuda de muitas delas para conseguir um quarto para morar, um emprego, para pegar ondas em picos que jamais encontraria sozinho e para diversas outras coisas da vida cotidiana. Quando nos colocamos em movimento, o universo se movimenta em nossa direção. Sonhos foram sendo realizados em sequência, Margaret River, Nias, Bali, Gold Coast e por aí vai. Por consequência desta primeira viagem, desse ano todo fora de casa, me tornei a pessoa que sou hoje. O amor por conhecer o mundo, por viver em contato com outras culturas e ainda por cima poder surfar ondas perfeitas é o que me move e o que aquece minha alma.

Foco, Planejamento E Ação

Para você que sonha em poder surfar ondas perfeitas mundo afora, foque nisso. Mesmo que tenha que abrir mão de alguns lazeres para poder juntar dinheiro, não esmoreça. Siga firme com foco no objetivo, você verá que todo o esforço valeu a pena quando lá estiver. E se você não tem um destino específico em mente, apenas pensa em viajar, aproveitando toda a experiência como viajante e consultor de viagem de surf, posso recomendar dois destinos para que um deles seja o primeiro de muitas surf trips que virão no futuro.

Peru

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Chicama, a onda mais longa mundo.

O Peru é tradicionalmente escolhido como destino da primeira viagem de surf internacional de brasileiros. Vários são os motivos para isso. Apesar de não ser tão barato quanto já foi em outras épocas, o custo-benefício ainda é bastante razoável para nós. Outra razão é a curta distância, pois em menos de 5 horas de voo de São Paulo chega-se à Lima, e por ali já tem muita onda boa. Por fim, as ondas, as perfeitas ondas peruanas são o principal motivo para nos fazer viajar para a Terra dos Incas.

Esquerdas perfeitas (e algumas direitas também) quebram por toda a costa. Sejam as grandes ondas do sul ou as longas ondas do norte, o Peru faz a cabeça de todos os tipos de surfistas, independentemente do seu grau de habilidade. Picos como Punta Rocas, La Isla, Caballeros e Señoritas são os mais conhecidos e frequentados na região de Punta Hermosa, próxima à Lima. Mais ao centro do país se encontram as extremamente longas ondas de Pacasmayo e Chicama. Subindo mais um pouco chega-se às perfeitas e tubulares esquerdas de Los Órganos, Cabo Blanco, Lobitos e Mâncora. Quanto mais ao norte, mais quente fica, sendo Mâncora o centro do turismo de praia do Peru.

Costa Rica

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Playa Negra quebrando clássica – Foto: Welcome Surf Trips

Diferentemente do Peru, que é repleto de point breaks de água fria, na Costa Rica predominam o calor e os beach breaks. Por ser um país pequeno é possível atravessa-lo de norte a sul em menos de 10 horas. De Tamarindo à Pavones, passando por Santa Teresa e Jacó, ondas perfeitas quebram em praias paradisíacas, algumas sobre fundo de areia, outras sobre fundo de pedras. De fato, tem para todos os gostos. É possível até mesmo surfar em dois oceanos diferentes, já que rolam altas ondas no caribe também.

A Costa Rica é um país alucinante. O povo é bastante alegre e receptivo, vivem sempre de alto astral e você entenderá o porquê disso quando estiver por lá. Sem dúvida é um destino mais caro que o Peru, por ter o dólar como moeda corrente prepare-se para gastar pelo menos 7 mil reais para ficar em torno de 10 dias, contando a passagem. O ideal é poder compartilhar a viagem com mais dois ou três amigos, assim poderão dividir os custos de hotéis, aluguel do carro, combustível, seguro, etc. Existem diversas agências que oferecem ótimos pacotes para lá. No mais, é sol, calor e altas ondas na maioria dos dias.

Equipamento Correto

É claro que ninguém deve se limitar a estes dois países, são apenas recomendações para a estreia internacional. Escolha seu destino dos sonhos e não pense duas vezes. Só lembre-se de estar preparado, tenha as pranchas certas com você e conte conosco para o que necessitar, nós temos o equipamento e o conhecimento que você precisa para qualquer pico que desejar. Inclusive, recomendamos que leia nosso artigo sobre pranchas para viagens de surf, poderá ser de grande ajuda na hora de decidir quais pranchas levar.

Deixo aqui um dos meus vídeos favoritos, Sipping Jetstreams. Se ele não te deixar com vontade de viajar e explorar este mundão, nada mais irá. Deguste! Assita aqui ao Sipping Jetstreams.

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