Pyzel The Shadow: Analisando Pranchas – ⠀ ⠀
Um dos modelos mais vendidos do ano de 2019 nos Estados Unidos, a Pyzel The Shadow é a prancha da vez em nossa série Analisando Pranchas.
Seu design foi originalmente criado para Mick Fanning quando da participação dele no Stab In The Dark da revista Stab. Jon foi solicitado a desenvolver uma prancha de alta performance em tamanho 5’10″1/2 para a disputa promovida pela revista.
Família Ghost
Conforme contamos no artigo sobre a Pyzel The Ghost, Jon Pyzel criou uma série de pranchas que fazem parte da chamada Família Ghost. Dela fazem parte os modelos Ghost, Phantom, Gremlin e Shadow. A Shadow é um modelo bastante funcional e fácil de surfar. Ela se encaixa em diversas condições de mar, por isso é perfeita como prancha do dia a dia.
Quando o shaper iniciou o projeto de desenvolvimento deste modelo, ele baseou-se inicialmente em seus já consagrados modelos Phantom e Ghost. Ambas pranchas já vinham tendo muito sucesso entre os atletas e surfistas amadores nas condições de mar para o que foram pensadas. Sua nova criação acabou encaixando-se perfeitamente entre elas, trazendo algumas importantes características de cada uma e completando a família.
Sucesso Entre Os Tops
Apesar de a Shadow não ter tido muito sucesso em seu primeiro teste com Mick Fanning, justamente no desafio da revista Stab, ela agradou e muito a outros surfistas. Na verdade, a segunda prancha deste modelo foi feita para o próprio shaper, e ele gostou muito. Jon estava tão confiante em sua nova criação que certo dia ofereceu sua prancha pessoal para o freesurfer profissional Koa Rothman enquanto este se encaminhava para uma sessão de surf. A resposta de Koa não poderia ter sido melhor, ele amou a prancha, tanto que não queria nem devolvê-la mais para Pyzel.
A partir daí Jon entendeu que esse era o caminho e replicou o modelo para outros atletas, incluindo o bicampeão mundial John John Florence. John John testou alguns modelos no começo de 2018, incluindo a Shadow. Seu feedback sobre ela foi excelente, já que proporcionava o mesmo feeling da Ghost, sua prancha preferida. Ela foi mágica em ondas menores tais como as da Gold Coast australiana por exemplo.
Tamanho foi seu sucesso logo de início, que Pyzel começou a entregar a Shadow para todos seu atletas mundo afora e hoje ela é o modelo mais versátil e confiável do quiver deles, sendo muito usada em competições ao redor do globo. Ela é de fato a pedida certa para ondas como as da Califórnia, Austrália, Brasil, Europa e Japão, ou seja, na grande maioria dos picos onde acontecem os campeonatos do QS e do CT.
Outline E Bordas
O outline da Shadow em geral é bem característico de uma prancha pequena de alta performance. Diferentemente da Ghost e da Phantom, que possuem seu ponto mais largo um pouco acima do meio da prancha, a Shadow teve seu wide point centralizado, exatamente no meio da prancha. Isso faz com que ela tenha a área de bico um pouco mais estreita, deixando a prancha propícia para um surf vertical, com o bico mais livre sem enroscar nas curvas em partes críticas.
Outro ponto importante no outline dela em comparação às outras pranchas da família é o falso wing (hip) na altura das quilhas laterais. Essa discreta quebra na linha final da rabeta faz com que ela fique levemente mais estreita. Isso cria um ponto de rotação, facilitando a prancha a atacar as ondas de forma mais vertical gerando mais pivô. As bordas da Shadow são médias e levemente refinadas para entregar um surf de alta performance, atendendo muito bem as demandas dos surfistas avançados e profissionais quanto ao drive e à tração nas curvas. Da mesma, faz com que surfistas intermediários puxem seu nível para cima por serem mais sensíveis.
Rocker
Em comparação com os modelos que a inspiraram, a Shadow manteve basicamente a mesma linha de rocker. Na verdade o que mudou foi a curva nas primeiras doze polegadas da prancha, onde o bico ganhou uma curva mais acentuada e agressiva. Isso ajuda muito em ondas mais íngremes e drops mais arriscados, além de ser bastante favorável nas manobras de lip. No caso da Ghost e da Phantom este rocker de entrada é mais baixo, deixando-as um pouco mais rápidas tanto na remada quanto logo após o drop.
Apesar de sua curva de bico ser um pouco mais alta, a Shadow entrega bom poder de remada, já que Pyzel manteve uma considerável quantidade de espuma debaixo do peito do surfista, principalmente na região central perto da longarina.
O restante da linha de rocker da Shadow se manteve contínua do centro até a saída média na rabeta, mas como Jon aprofundou o single concave (do qual vamos falar mais adiante) na região entre os pés do surfista, isso criou uma espécie de rocker estagiado no centro da prancha (flat spot). Esta característica faz com que a prancha mantenha sua velocidade em partes fracas da ondas sem tirar a curva contínua de rocker nas bordas, mantendo assim a prancha solta no pé da frente e sem perder tração.
Fundo
O single concave começa logo no abaixo das primeiras doze polegadas da prancha e se estende até quase o final da rabeta. Como dissemos anteriormente, este concave foi aprofundado na região entre as bases do surfista, gerando maior sustentação e velocidade. Jon Pyzel também optou por colocar um double concave dentro do single entre as quilhas, para deixar a prancha mais responsiva e manobrável. Tudo isso é complementado com um leve vee depois da quilha central, já na saída da rabeta. Isso faz com a Shadow ofereça trocas de borda ágeis e fluídas.
Quilhas
Por ser uma prancha com muita versatilidade e que pode ser usada no dia a dia em ondas de diversos tipos entre 2 e 6 pés, recomendamos jogos de quilhas neutros. Estas quilhas não são muito alongadas para trás nem muito retas, entregando boa performance em todo tipo de onda. São de fato jogos bastante equilibrados e versáteis. Indicamos que o surfista procure usar o tamanho ideal para seu peso (pequenas, médias ou grandes). Para aqueles que preferem a FCS2, recomendamos o modelo Performer. Já para os que utilizam o sistema Futures, indicamos as quilhas do próprio Pyzel.
Sensações
A The Shadow é sem dúvida um modelo pensado para ser usado em ondas boas, entre meio e dois metros. Ela performa bem em ondas de 2 pés, se destaca em ondas entre 3 e 5 pés e aguenta bem ondas de 6 pés sólidos como o próprio shaper comenta em sua entrevista que disponibilizamos ao final deste artigo. Recomendamos este modelo apenas para surfistas intermediários e avançados, pois os iniciantes encontrarão certa dificuldade em surfar com ela.
A Shadow é uma prancha veloz e segura, extremamente versátil e responsiva que pode ser seu equipamento de uso diário em praias de todo o Brasil e também do mundo, como por exemplo Matinhos, Navegantes, Trestles, Gold Coast e Lobitos.
Se você gostou da Pyzel Shadow e acredita que seus amigos também podem se encantar com ela, encaminhe este artigo para que eles também possam conhecê-la. Para saber ainda mais sobre como ela funciona, assista aqui à analise do especialista Noel Salas. Para entender melhor como ela foi criada, assista à entrevista com o shaper onde ele explica tudo detalhadamente abaixo.