fbpx

Surf Em Pipeline e Backdoor, Havaí: Análise Do Pico

Depois de dezenas de artigos analisando picos clássicos, chegou a hora da rainha de todas as ondas em nossa série Análise do Pico: Pipeline e Backdoor, no Havaí.

“Uma onda que mede coragem e intuição”, foi assim que o lendário surfista sul-africano Shaun Tomson descreveu Pipeline. De fato é isso e muito mais. O surf no Havaí por si só já é um desafio para qualquer surfista. É lá que a faixa preta do surf é entregue. No North Shore havaiano ou você extrapola e expande sua zona de conforto ou coloca o rabo no meio das pernas e assume que aquilo ali não é para você.

São diversos os fatores que fazem com que o surf no Havaí seja super desafiador. Não bastasses a força das ondas e as bancadas de pedra rasas cheias de fendas, o fator crowd deixa tudo ainda mais complicado. Quando se está em um mar grande e pesado, mas com poucas pessoas disputando as ondas, onde você pode se posicionar onde quiser e basicamente escolher suas ondas, é possível se dar bem e ir evoluindo a cada surf. Entretanto, num pico onde estão os locais mais pesados, os melhores tops do circuito mundial e alguns dos melhores freesurfers do mundo, todos em um curto espaço, a situação ganha tons dramáticos.

Apesar de tudo isso, o surf no Havaí é realmente um sonho para a maioria de nós. Mesmo com as dificuldades expostas acima, é possível sim pegar alts ondas, evoluir muito e tomar gosto por ondas pesadas e tubulares. O Hawaii, como os gringos falam, é a Meca do surf e isso se prova com depoimentos e imagens de todos que se aventuram por lá.

7 Mile Miracle

O Havaí é o lar espiritual do surf. É onde tudo começou e como dissemos,tem algumas das ondas mais poderosas do planeta, cercadas por pura natureza vulcânica. Apesar dos picos lotados, do localismo e dos recursos limitados, o north shore conta com um número impressionante de picos de surf.

Quando falamos sobre a geografia do surf, o Havaí é um arquipélago de sorte. Ele fica no meio do Oceano Pacífico, cercado por ondas que saem de uma janela de 360 ​​graus. No entanto, o famoso Seven Mile Miracle, ou Milagre dos 11 quilômetros, apresenta maior consistência de ondas entre os meses de Novembro e Março, quando os sistemas de baixa pressão fazem seu trabalho e enviam ondas perfeitas em direção à costa.

Mas o que afinal é o tal do 7 Mile Miracle? Ele é exatamente o que seu nome diz. Um trecho de 11,2 quilômetros de praias arenosas que oferece alguns dos picos de surfe mais importantes da história. Em outras palavras, é uma coleção de joias de surf havaianas separadas por dez minutos de carro na rodovia Kamehameha (se não houver trânsito, é claro). Este trecho mundialmente conhecido começa no Haleiwa Beach Park, no sul, e vai até Velzyland, no norte.

Entre eles há picos famosos como Left Overs, Waimea Bay, Log Cabins, Rockpile, Off The Wall, Backdoor, Banzai Pipeline, Pupukea, Gas Chambers, Rocky Point, Monster Munch e Kammieland, só para citar alguns. Além destes há muitos outros, de acordo com o livro “Surfing Hawaii”, existem 36 spots de surf no 7 Mile Miracle, mas nossa leitura de hoje irá focar nas rainhas Pipeline e Backdoor.

Existem ondas para todos os níveis, desde os iniciantes até os mais experientes e destemidos. Rolam ondas em beach breaks, reefs e points. É possível surfar ondas para a direita, esquerda, sejam elas tubulares ou mais cheias. Este local de fato um verdadeiro paraíso para os surfistas. O paraíso na terra, com suas características particulares e seus perigos clássicos. Se este local é tão especial para os visitantes, ele é ainda mais para os locais. Portanto, deixe seu ego em casa e respeite a todos acima de tudo.

Os Reefs

As bancadas

Pipeline é constituída de vários reefs. O primeiro reef é o pico principal, um reef de lava vulcânica estreito e com algumas rochas pontiagudas, bem como grutas, a cerca de 50 metros da beira d’água. A velocidade que a ondulação de alto mar atinge a bancada faz com que resulte nas ondas que conhecemos. A rasa bancada faz com que toda aquela energia que vem marchando por milhares de quilômetros encontre um obstáculo no caminho, transformando a ondulação em ondas propriamente ditas.

A famosa Pipeline é na verdade um tubo único no mundo, que pode durar, em média, entre cinco a sete segundos. As saídas dos tubos normalmente apresentam um spray e a parte final da onda já ocorre sobre em fundo de areia que pode, por vezes, afetar a qualidade das ondas.

Já o segundo reef começa a quebrar quando as ondas estão maiores que 8 pés, entre os 10 e 12 pés geralmente. O drop no segudo reef é geralmente mais fácil, pois a onda começa a quebrar um pouco mais cheia e mais distante da costa. Isso faz com que o surfista tenha um tempo extra para acertar sua linha antes de a onda encontrar a bancada do primeiro reef e formar um tubo de proporções enormes. Ponto negativo é que nem sempre dá pra saber se a onda vai ser perfeita e abrir quando ela chegar no reef de baixo, as ondas que vêm do segundo reef são na verdade mais imprevisíveis.

Por fim, o terceiro reef, a chamada Banzai Pipeline, quebra com ondas de 15 pés ou mais. Nesses dias é possível ver diversas bancadas de outside, chamadas de Outer Reefs, quebrando por todos os lados. Dias assim são também praticamente insurfáveis em Pipeline, ficando fora de controle, com ondas grandes demais para serem surfadas com sucesso, tendendo a fechar completamente quando batem no segundo e primeiro reefs.

Backdoor

Backdoor é a direita de Pipeline, é a porta dos fundos. Dependendo da direção da ondulação, Pipe e Backdoor podem funcionar como um pico triangular perfeito, com um surfista indo para cada lado da onda, esses são de fato os dias dos sonhos por lá. Certamente as ondas para Backdoor são mais difíceis de serem completadas, elas tendem a ser mais esticadas e correr mais que as esquerdas de Pipe, tendendo a fechar mais também. Além disso, o final da onda de Backdoor, já na região de Off The Wall é o local mais proprício para tomar uma série na cabeça e ser varrido para fora do mar.

Para o Backdoor funcionar legal tudo depende da direção da ondulação. Nesse caso, swells com um pouco mais de norte em sua direção favorecem mais as ondas para Backdoor do que para Pipeline, que prefere as ondulações de oeste/noroeste.

Condições


Nada melhor do que ouvir de um dos maiores especialistas em Pipeline/Backdoor na história sobre quais são as melhores condições para o pico. Segundo o local Jamei O’Brien: “A cada swell para Pipe a primeira coisa que faço é monitorando a direção do swell, porque esse é um fator decisivo de como ele vai quebrar. Assim posso saber se vai ser apenas Pipe, apenas Backdoor ou ambos. O ideal são ondulações com ângulo entre 300 e 325 graus. É incrível o quanto essa janela de 25 graus pode influenciar a forma como as ondas atingem a bancada. Então, qualquer coisa fora dessa janela 300º/325º eu geralmente vou pensar em outros picos para surfar”


O’Brien ainda completenta: “O período do swell também tem uma grande influência nas ondas, para todos os tipos de swell. Você obterá ondas fenomenais com períodos entre 18 e 22 segundos. Esses são os dias reais de Pipeline. Às vezes, o período pode chegar a 25 segundos ou mais e isso faz com que as ondas fiquem bem complicadas e teneborasas de serem surfadas. Nesses dias é difícil querer surfar o dia todo, aí eu geralmente pego algumas poucas ondas bem escolhidas e saio para assitir e agradecer pelas minhas bênçãos”.

Por fim, Jamie revela seus dias favoritos par surfar no pico: “Para mim, os melhores dias são os que rolam direto no primeiro reef. Eu adoro quando toda a energia do swell se discipa apenas em cima daquela bancada. Ondas grande e drops atrasados, no buraco. Essas ondas são intensas do começo ao fim, desde o drop, passando pela briga com o foam ball dentro do tubo, achando que não vai sair, até por fim a saída depois do spray. É assim que eu acredito que as ondas de Pipeline devem ser surfadas.”

As Ondulações


As ondulações mais poderosas ocorrem entre Outubro e Abril, vindas direto do pacífico norte. Janeiro é o mês mais consistente historicamente falando, inclusive com vários dias passados, grandes demais e fora de controle.  one to five days. É normal que entre os meses de dezembro e fevereiro as ondulações venham de direção oeste/noroeste, favorecendo mais as ondas de Pipeline e que ao final da temporada. Já no começo e final de temporada (outubro/novembro e março/abril) as ondulações tendem a ter mais norte do que oeste na direção, favorecendo assim as ondas para Backdoor.

Ventos

Um fato, no Havaí venta muito, e como sabemos, os ventos influenciam muito na formação e qualidade das ondas. Os sistemas da alta pressão no norte do pacífico normalmente entregam ventos de direção leste/nordeste, os famosos trade winds. Esses ventos favorecem na formação dos tubos em Pipe/Backdoor, especialmente quando suaves. Entretanto, esses trade winds podem ficar bem fortes, vindo um pouco mais laterais do que terrais (nordeste), ocasionado condições extremamente perigosas para as esquerdas de Pipeline, são os chamados Devil Winds, ou Ventos do Diabo. Além disso, esses ventos nordeste fortes normalmente resultam em ondulações cruzadas de mesma direção e de período curto, as quais acabam detonando com a qualidade das ondas.

Melhores Condições

Para Pipeline:

  • Maré média;
  • Direção de swell oeste/noroeste;
  • Período de swell entre 18 e 22 segundos;
  • Ventos fracos a moderados entre de sudeste/leste;
  • Tamanho de swell entre 8 e 12 pés;

Para Backdoor:

  • Maré média;
  • Direção de swell noroeste-norte/noroeste;
  • Período de swell entre 15 e 18;
  • Ventos fracos a moderados entre de sudeste;
  • Tamanho de swell entre 8 e 12 pés;

Pranchas

Sem dúvida suas pranchas do dia a dia no Brasil não devem nem ser embaladas para uma viagem ao Havaí. Mesmo se pensarmos em dias “pequenos” em V-Land ou Rocky Point, as pranchinhas do dia a dia daqui deixam a desejar nas poderosas ondas havaianas.

Quando se fala em Pipeline e Backdoor, a maoiria de nós mortais nunca usou, ou poucas vezes usou, pranchas ideias para esse pico. Talvez se você já tenha surfado em picos como Puerto Escondido, Nias, Teahupoo, entre outros, mas no Brasil é raríssimo termos condições de mar que pedem pranchas iguais as que devemos usar em Pipe.

Geralmente para ter sucesso naquelas ondas você irá precisar de pranchas de tamanhos entre 6’2″ e 7’0″. Isso varia muito de acordo com cada pessoa, seu tamanho, peso, habilidade e experiência. Por isso sempre recomendamos que converse com nossos consultores para que eles possam dizer quais seriam as medidas e modelos ideais caso a caso.


Pensando em pranchas que tenham excelente remada e principalmente muita segurança nas cavadas e dentro dos tubos, separamos alguns modelos ideais para surfar em Pipe e Backdoor com sucesso. Nossos modelos de escolha para Pipeline e Backdoor são a Pyzel The Ghost, Al Merrick Happy Traveler, SharpEye #77+, Snapy Black Cheese, Lost Double Up e Chilli Faded 2.0.


Quanto às quilhas, alguns preferem as quadri e outros as triquilhas. Nesse caso, é de gosto pessoal mesmo, ambas podem performar de forma satisfatória, mas acreditamos que as triquilhas podem ter uma segurança a mais na hora das cavadas em momentos críticos. Os modelos ideais de quilhas dependem um pouco do modelo da prancha, mas para não errar prefira os modelos FCS2 Carver e Tokoro e os modelos Futures John John Florence e Jon Pyzel.

Por fim, sempre bom lembrar de que você deve respeitar seus limites mais do que nunca. O Havaí não é para qualquer hum, principalmente Pipe e Backdoor. Então, faça tudo no seu tempo, tenha paciência e dedicação, respeite a comunidade local e sua cultura e esteja muito bem equipado.

Se você curtiu esse conteúdo, compartilhe com seus amigos que também têm o sonho de surfar no Norh Shore. ALOHA!

 

Deixe uma resposta