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Surf No Cabo De Santa Marta
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Surf No Cabo De Santa Marta –
Hoje nossa análise chega ao paraíso do surf no litoral sul de Santa Catarina, o Cabo De Santa Marta. Mais conhecido como Farol, este local é um dos mais constantes do país e tem ondas para todos os gostos.
Visto que no momento em que estamos publicando este artigo ainda vivemos a pandemia da Covid-19, muitos países estão fechados para estrangeiros. Assim sendo, as viagens de surf estão super restritas e essa é a melhor hora para explorar os destinos de surf nacionais. Aproveite também para conhecer outras praias brasileiras tais como a Brava de Itajaí, Navegantes, Ilha Do Mel, Saquarema e Matinhos.
História
O Cabo De Santa Marta pertence ao histórico município de Laguna e fica a 150 quilômetros ao sul de Florianópolis. Reza a lenda que o local recebeu esse nome em 1502, quando, segundo o historiador Lucas Boiteux, o comandante português André Gonçalves teria chegado à região em 23 de fevereiro, dia que se festeja Santa Marta segundo o calendário romano. (Fonte: Farol de Santa Marta – A Esquina do Atlântico – Celso Martins).
Este é o primeiro acidente geográfico desde o Chuí, na divisa com o Uruguai. Por isso, o Cabo também é conhecido como A Esquina do Atlântico. Ao longo dos séculos, esta região foi cenário de muitos naufrágios que resultaram num verdadeiro cemitério de navios no fundo mar. Foi aí que no ano de 1880 o Ministério da Marinha constatou a necessidade de que ali deveria ser construído um farol. Sendo assim, no ano de 1891 o gigante de luz foi aceso.
O farol tem sua estrutura formada por uma torre quadrada, em pedra, que possui lanterna e galeria. Ele eleva-se em meio a um grupo de casas térreas de faroleiros e está localizado no ponto mais oriental da região, servindo para guiar as embarcações para longe do famoso Parcel Do Campo Bom. Apesar disso, alguns naufrágios chegaram a ocorrer mesmo após a ativação do farol. Ele possui 29 metros de altura e é um dos mais potentes do Brasil, alcançando até quarenta e seis milhas náuticas (oitenta e cinco quilômetros).
Turismo
O Farol é um local muito procurado por surfistas do Brasil inteiro, mas especialmente por aqueles da região sul e sudeste. O acesso até lá é fácil, principalmente nos dias de hoje em que as principais vias são asfaltadas. São três os principais acessos ao Cabo, um deles é por balsa através da cidade de Laguna, sendo este o mais usado. O outro é a Estrada Geral Campos Verdes, que liga aquela área até a cidade de Tubarão. Já o terceiro acesso é pela Barra Do Camacho, vindo da cidade de Jaguaruna.
O turismo no Farol, assim como a pesca, é de suma importância para a comunidade local. Inclusive, são as famílias tradicionais que tocam a maioria das hospedarias, que em sua maioria são casas que ficam nos próprios terrenos onde vivem. Aproveite os visuais paradisíacos e arenosos para, além de surfar, fazer caminhadas, assistir ao pôr do sol, fazer sandboard nas dunas da praia da Cigana. Obviamente, não deixe de conhecer o Farol de perto andando pela área protegida pela marinha.
Por fim, procure entender a cultura açoriana local e os costumes dos nativos e, acima de tudo, respeite suas tradições. A vida ali é pacata e simples, portanto se adeque a este ritmo e desacelere. Aproveite para consumir produtos frescos locais e conversar com os pescadores, eles têm histórias muito interessantes sobre o Farol. Da mesma forma, no surf este mesmo comportamento se faz necessário. Isso não precisa nem ser dito, mas é sempre bom relembrar, respeite os locais, seja discreto, espere por suas ondas e divirta-se. Os surfistas da região são muito bons e experientes e protegem algumas de suas ondas mais do que outras, como é o caso da Cigana e da Tereza.
O Surf
São oito os principais picos de surf do Farol. Todos eles têm dias de ondas clássicas, entretanto é na Praia Do Cardoso que quebram as ondas mais impressionantes. Sem dúvidas é ali que algumas das maiores ondas do Brasil podem ser encontradas.
Cigana
A Praia da Cigana é a que fica localizada mais ao sul do Cabo de Santa Marta, exatamente entre a Barra do Camacho e o Cardoso. O acesso até a Cigana é feito pelo canto norte da praia, através de algumas trilhas de areia onde é fácil encontrar carros atolados. O canto formado por grandes pedras protege um pouco as ondas dos ventos leste e nordeste, além disso a entrada no mar é feita por ali, pelo canal beirando as pedras.
Nesta praia quebram ondas fortes e em pé por centenas de metros. Todavia, as melhores ondas são encontradas no canto das pedras, onde esquerdas longas e tubulares oferecem excelentes paredes. Também é possível surfar as direitas que rolam mais para o meio da praia e oferecem bons tubos. A Cigana é uma praia deserta, mas o crowd fica intenso aos finais de semana. Chegue com calma e observe bem o pico antes de entrar. Os surfistas locais são bastante protetores desta onda, portanto saiba chegar e divirta-se.
As melhores condições de surf nesta praia acontecem com ondulação de sul/sudeste entre 3 e 8 pés e período acima dos 12 segundos. Funciona bem com qualquer maré e os melhores ventos são o norte, noroeste e nordeste. Por apresentar ondas geralmente fortes e de boa qualidade, prefira pranchas de alta performance no tamanho e no volume que você está habituado para estas condições. No dias maiores, uma prancha maior e com um pouco mais de volume será muito bem-vinda. Modelos como a Chilli Oh One e a Sharp Eye Disco Inferno são ótimos para a Cigana.
Cardoso
Uma praia em forma de meia lua com algumas das maiores e mais longas ondas do Brasil. Em dias de swells gigantes, ondas de até 20 pés podem ser surfadas por aqui. O canto esquerdo da praia fornece um canal enorme por onde é fácil entrar no mar, mas não se iluda, há muita força d’água e correnteza nessa praia, portanto todo cuidado é pouco.
As ondas quebram por toda a extensão da praia, tanto para a direita quanto para a esquerda. Suas ondas são volumosas e fortes, mesmo em dias menores. Quando a ondulação de sudeste/sul encaixa, longas esquerdas quebram distantes da costa e fazem a cabeça da galera. As melhores condições para pegar altas ondas no Cardoso são swell de sul/sudeste entre 3 e 10 pés com período acima dos 10 segundos. Funciona legal em todas as marés e os melhores ventos são os do quadrante norte.
Como dissemos, esta praia aguenta ondulações gigantes e a coisa pode ficar super séria. Em dias regulares, de ondas entre 3 e 6 pés, recomendamos que use pranchas com mais volume e um pouco mais de área na parte da frente. Ter bastante poder de remada no Cardoso é primordial, pois as massas d’água são poderosas. Sendo assim, nossas indicações de pranchas para lá são a DHD Sweet Spot 3.0 e a Pyzel The Ghost.
Prainha
A Prainha é a praia mais central do Farol, muito frequentada pelos surfistas locais. Sempre tem uma ondinha quebrando ali e o acesso é bem fácil. Suas ondas também são mais acessíveis e atendem a todos os níveis de surfistas. Boas direitas quebram no canto direito da praia e também mais pro meio é possível encontrar picos para os dois lados. As melhores condições aqui são com swell de sudeste/leste entre 2 e 5 pés e período médio. Segura bem o vento sul, mas o melhor vento ali ainda é o sudoeste fraco. Funciona em todas as marés, mas prefere a meia maré enchendo. Pranchas alternativas ou do dia a dia são as mais indicadas aqui, tais como a Al Merrick FishBeard e a Rusty Hatchet.
Galhetinha
É o canto esquerdo da praia de Santa Marta. Ondas perfeitas para os dois lados e boas esquerdas tubulares mais próximas às pedras podem ser surfadas por lá. Este pico segura bem o vento nordeste, muito comum por lá. A melhor ondulação é de sudeste entre 3 e 8 pés com período acima dos 10 segundos. Também funciona bem em todas as marés, mas prefere enchendo. O vento ideal por lá é o norte/noroeste moderado. Esta é uma onda mais performance e não segura ondulações tão grandes, portanto prefira pranchas do dia a dia para ondas boas para performar melhor. Recomendamos aqui modelos como a Al Merrick Happy e a Lost Driver 2.0.
Galheta
Localizada do outro lado do promontório de pedras, em posição quase oposta à Galhetinha. A Praia da Galheta conta com algumas casas de moradores e veranistas e é bastante frequentada. Suas ondas são um pouco mais cheias e quebram longe da costa e próximas ao costão de pedras onde predominam as direitas. Segura bem o vento sul, sendo mais uma boa opção de surf para quando ele estiver soprando. A melhor ondulação é de sudeste/leste entre 3 e 8 pés com período alto, acima dos 12 segundos. Prefere a maré seca enchendo e os ventos de sudoeste.
Pranchas versáteis que se adaptem bem a diversos tipos de seções nas ondas são as mais pedidas aqui. Apesar de suas ondas serem um pouco mais cheias, ainda assim carregam o volume e a força característicos do Cabo. Para se dar ainda melhor na Galheta indicamos os modelos Canfield L-12 e Snapy The Robot.
Ypuã
A Praia de Ypuã ou Ilhota é o canto esquerdo da mesma faixa de areia da Galheta. Seu posicionamento geográfico faz com que ela receba ondulações tanto de sul, quanto de sudeste e também de leste. Entretanto, a melhor direção é sudeste puro com tamanho entre 2 e 6 pés. Esta onda se assemelha às ondas da Galhetinha, sendo longa e bastante manobrável. Em dias clássicos é possível encontrar bons tubos e partes críticas para manobras de lip. O vento ideal é o oeste/noroeste moderado. Prefere maré média, mas funciona com qualquer maré. Aqui novamente recomendamos pranchas de alta performance para ondas boas, como são os casos da Al Merrick Fever e da Sharp Eye #77.
Tereza
Uma das menores praias do Farol, a Tereza é um pouco diferente também. Rodeada de costões de pedra, esta praia possui lindas casas de veraneio e é uma excelente opção de surf com ondulações pequenas e médias. Além disso, a Tereza segura muito bem o vento sul, porém nesses dias o crowd aumenta e pode ficar chato de surfar, principalmente nos finais de semana. As melhores condições nessa praia rolam com ondulação de sudeste/leste entre 3 e 5 pés, período média, vento sudoeste moderado e meia maré. Esta é outra praia bastante protegida pelos locais, respeite para ser respeitado.
Por ser uma onda com menos volume e menos área, as ondas da Tereza aceitam muito bem as pranchas um pouco menores de performance. Neste caso recomendamos os modelos Pyzel Phantom e Chilli Volume 2.
Gravatá
A praia do Gravatá é um tesouro escondido no Cabo de Santa Marta. Seu acesso só pode ser feito através de uma trilha (a pé) que passa por campos com criação de gado e propriedades particulares. Não é uma caminhada difícil, pelo contrário, é um passeio muito bonito de ser feito e vale a pena mesmo que as ondas não estejam tão boas assim. Por conta disso, espere pouquíssimo crowd por lá.
As melhores ondas quebram no canto esquerdo, onde há um canal para entrar no mar. Em dias clássicos, ótimas esquerdas atravessam metade da praia proporcionando tubos e seções de manobras para aqueles que se aventuraram até lá. As condições ideais são com swell de sudeste entre 3 e 8 pés, período acima dos 10 segundos, vento oeste/noroeste e qualquer maré que não seja muito cheia. Da mesma forma que na Galhetinha e Ypuã, recomendamos pranchas de alta performance para ondas boas, a exemplo da DHD DNA e da Lost Pocket Rocket.
Considerações
Se você gostou de conhecer esse destino paradisíaco de surf no Brasil, encaminhe este artigo para seus amigos que gostaria de levar junto e pé na estrada. Lembrem-se de levar quantas roupas de borrachas tiverem, desde 2.2mm até 4.3mm, pois faz bastante frio e a água é gelada. Além disso, quem preferir também pode optar por usar botinhas e até mesmo gorros de neoprene, visto que venta forte por lá.
No mais, separe suas melhores pranchas, cordinhas (leashes) extras e prepare-se física e mentalmente para uma viagem que poderá te fazer rever seus conceitos sobre surftrip dentro do Brasil. Se ainda está em dúvida, assista ao vídeo abaixo e se impressione, temos certeza de que logo menos você estará cruzando a balsa de Laguna rumo ao Cabo de Santa Marta. Boa viagem boas ondas e divirta-se.